Documentos trazem à tona escândalos sobre pedofilia na Igreja

Novos vazamentos de documentos da diplomacia americana trouxeram mais uma vez à tona os escândalos de pedofilia dentro da Igreja Católica. Em um telegrama originado na Embaixada dos Estados Unidos em Roma, consta que o Vaticano teria se recusado a cooperar em uma investigação sobre abusos sexuais contra crianças por parte de sacerdotes de Dublin, sob o argumento de que o requerimento não havia sido feito pelos canais oficiais. A Santa Sé questionou a credibilidade das informações reveladas pelo site WikiLeaks e ainda criticou a divulgação de mensagens confidenciais de um governo. Enquanto mais documentos são publicados, manifestantes em diversas cidades do mundo protestaram contra a prisão do australiano Julian Assange, fundador do site, que continua detido em Londres à espera de sua extradição para a Suécia.



De acordo com um telegrama de 26 de fevereiro assinado pela número dois da missão americana para o Vaticano, Julieta Noyes, a Santa Sé "se ofendeu muito" quando a comissão irlandesa responsável pelo Relatório Murphy solicitou informações, em 2009, sobre casos de pedofilia. Segundo o mesmo texto, os líderes da Igreja teriam visto o pedido como uma "afronta à soberania" pontifícia, já que a comissão escreveu diretamente às autoridades da Santa Sé sem passar pela via diplomática. "Grande parte do público irlandês vê os protestos do Vaticano como mesquinhamente processuais e que não enfrentam o verdadeiro problema dos abusos horríveis acobertados pelas autoridades da Igreja", afirma o telegrama. Ainda segundo a mensagem, o embaixador irlandês no Vaticano, Noel Fahey, descreveu este período como "a crise mais difícil que conheceu".
"Naturalmente, esses relatórios refletem as percepções e as opiniões das pessoas que os escreveram e não podem ser considerados nem como a expressão da Santa Sé nem como citações específicas das palavras de seus líderes", respondeu o Vaticano, por meio de um comunicado. "Sua credibilidade deve ser considerada com reservas e muita prudência", acrescenta o texto. Outros documentos vazados na nova "remessa" revelam que o Vaticano disse a diplomatas americanos temer que a situação econômica e a tensão política em Cuba acabassem em um "banho de sangue". A posição da Santa Sé foi apresentada pelo monsenhor Angelo Accatino, que ainda chamou o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de o "novo Fidel Castro".

Prisão

Enquanto manifestações a favor de Julian Assange ocorriam em diversas cidades do mundo, incluindo São Paulo, a polícia da Holanda detinha mais um suspeito de ter participado do ataque a sites considerados inimigos do WikiLeaks. Hoogezand-Sappemeer, 19 anos, foi preso por ser "suspeito de liderar o ciberataque contra o site da promotoria (holandesa) na manhã de sexta-feira", segundo informou um funcionário do órgão. O ataque, que paralisou a página da promotoria, foi reivindicado no Twitter por um grupo anônimo, cujo nome de usuário é @AnonTarget. A ação seria uma resposta à prisão, ocorrida na quinta-feira, de um adolescente holandês suspeito de ter atacado sites de operadoras de cartão de crédito.

Fonte: Correio Braziliense

Comentários

Postagens mais visitadas