No Chile incêndio mata 83 presos: quantos Carandirus há na AL?

Na manhã desta quarta-feira (8), um incêndio na prisão de San Miguel, em Santiago do Chile, matou 83 presos. Segundo o presidente do país, Sebastián Piñera, o número de mortos ainda pode aumentar. As mortes foram provocadas em sua maioria por asfixia. Guardadas as devidas proporções, a recente tragédia chilena em muito lembra o massacre, operado pela tropa de choque, no Carandiru, em 2 de outubro de 1992, quando 111 presos foram mortos pelas forças policiais de São Paulo.

Por Carla Santos

Assim como no Carandiru, um motim deu início a tragédia no presídio chileno. Também como no Carandiru, é possível que tenha ocorrido negligência policial no atendimento aos feridos. Segundo investigações chilenas, o cárcere "ardeu em três a quatro minutos, e somente aos 15 minutos foi feito o chamado às ambulâncias". O procurador chileno Alejandro Peña foi designado pela Procuradoria do país para investigar se a polícia penitenciária realmente foi negligente.


Os deputados Hugo Gutierrez, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, e Guillermo Teiller, ambos do Partido Comunista do Chile (PCCh), questionaram o sistema carcerário do país. Já os deputados da Concertação de Partidos pela Democracia (CPD) Marco Antonio Núñez e Jorge Castro anunciaram que solicitarão a criação de uma comissão  i
nvestigadora na casa legislativa para apurar as causas e responsabilidades do incidente.

O desespero dos familiares, que se acumulam na frente da penitenciária para saber de notícias de seus parentes detidos, é outra cena que muito lembra a que os brasileiros acompanharam de perto durante a chacina no Carandiru. Pelo menos no Chile há sobreviventes, tanto que o diretor da polícia penitenciária, Luis Masferrer, entregou uma lista às famílias com o nome dos réus que estão a salvo em um ginásio e na enfermaria da cadeia. 

O presidente chileno, Sebastián Piñera, criticou o alto nível de aglomeração de prisioneiros nas cadeias do país e assegurou que esta tragédia pode ajudar a corrigir os rumos do sistema penitenciário do Chile. Após mais este doloroso episódio fica a pergunta: quantos "carandirus" ainda há na América Latina? Vamos torcer para que, desta vez, o "carandiru chileno", mude de fato este grave problema de direitos humanos em nosso continente.

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