CARIRI CANGAÇO Encerramento "Juazeiro do Norte"
RESGATE DA MEMÓRIA
Cena da morte de cangaceiro é revividaCrato. Wilson Santana, neto de Antônio Teixeira Leite, proprietário da Fazenda Piçarra, onde o cangaceiro Sabino Gomes foi morto, ainda traz viva na memória a história contada pelo avô, que na época do cangaço foi "coiteiro" (protetor) de Lampião. Durante a visita dos pesquisadores à fazenda, como parte da programação do Cariri Cangaço, Wilson fez questão de subir na cerca de vara, para demonstrar como foi a cena da morte do cangaceiro Sabino Gomes. Este e outros fatos foram revividos pelos participantes do seminário. Conforme rememoraram, Virgulino Ferreira chegou à Juazeiro do Norte no dia 4 de março de 1926, atendendo ao chamado de Floro Bartolomeu, que não se encontrava mais por lá. Doente, o deputado federal viajara para o Rio de Janeiro, onde acabaria morrendo. Padre Cícero se viu então com um problema nas mãos: recepcionar o famoso bandido e seus companheiros na cidade e, mais ainda, cumprir o que havia sido combinado entre Lampião e o deputado, com a devida aprovação do Governo Federal: o cangaceiro deveria receber dinheiro, armas e a patente de capitão do então Batalhão Patriótico.
Lampião e outros 49 cangaceiros ocuparam uma casa próxima à fazenda de Floro, nas imediações da cidade, e, em seguida, alojaram-se em Juazeiro do Norte, no sobrado onde residia João Mendes de Oliveira, conhecido poeta popular da região. Foi lá que, da janela, Virgulino atirou moedas ao povo e onde, durante a madrugada, Padre Cícero encontrou o bando. Os cangaceiros, ajoelhados em deferência ao sacerdote, teriam ouvido o padre tentar convencer seu líder a largar o cangaço logo após voltasse da campanha contra a Coluna Prestes. Mandou-se então chamar o único funcionário federal disponível na cidade, o agrônomo Pedro de Albuquerque Uchoa, para redigir um documento que, supostamente, garantiria salvo-conduto ao bando pelos sertões e, principalmente, concedia a prometida patente. O papel, como Lampião viria a descobrir tão logo saiu da cidade, não tinha qualquer valor legal, o que não o impediu de assinar, daí por diante, "Capitão Virgulino".
Ciente da desfeita, o cangaceiro não se preocupou mais em dar combate à Coluna Prestes. Já obtivera dinheiro e armas em número suficiente para seguir seu caminho, agora ostentando, orgulhoso, a falsa patente militar. Mais tarde, o agrônomo Uchoa justificou seu papel no episódio: "diante de Lampião, assinaria qualquer coisa. Até a destituição do presidente da República", teria afirmado.
No rastro dos cangaceiros, apontado por Napoleão Tavares, os participantes conheceram, além dos caminhos e localidades visitadas por cangaceiros, outros pontos que fazem partem do corredor turístico do Cariri, como a cachoeira de Missão Velha, as fontes do Caldas, a estátua do Horto em Juazeiro, a Floresta Nacional do Araripe, a Casa Grande de Nova Olinda e o Memorial Patativa do Assaré. A secretária de Cultura do Crato, Danielle Esmeraldo, anunciou a realização de outros eventos de resgate da historia regional. .
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