Cultura de Paz

Neste início de século, o medo venceu outros sentimentos e se anuncia como um grande flagelo na alvorada do terceiro milênio. Em suas mais variadas manifestações, ele atormenta milhares de pessoas em todo o mundo, sobretudo nos países em desenvolvimento, como o Brasil.Medo do desemprego, da fome, da morte na próxima esquina, da solidão, da velhice. O medo da violência, entretanto, agiganta-se e oprime as consciências por toda parte - das pequenas povoações às grandes metrópoles.
Não se pode negar que questões de ordem socioeconômica têm fomentado a grande onda de roubos, sequestros e homicídios que assola hoje sobretudo os grandes centros urbanos. Isto se deve - e não é segredo para ninguém com um mínimo de discernimento - à falta de políticas consistentes na área de segurança pública, em todos os níveis.
As investidas criminosas à luz do dia contra a liberdade e o patrimônio de pessoas e empresas passaram a ser uma rotina alarmante, e os homicídios cometidos em escala geométrica nos fazem reconhecer que infelizmente a criminalidade se banalizou.
Vivemos um momento de urgência, que exige o compromisso de cada cidadão com a implantação de uma cultura de paz em nosso meio. A Constituição brasileira construiu a plataforma da segurança pública sobre o tríplice postulado do dever, do direito e da responsabilidade: dever do Estado, a quem incumbe, em primeiríssimo lugar, velar pela ordem social; direito e responsabilidade de todos, sem exceção. Responsabilidade do governo, das instituições, das famílias e das entidades sociais.
Por isso, o Ministério Público tem se engajado de norte a sul nas campanhas pela paz, procurando promover atos cívicos, passeatas, palestras em escolas e centros comunitários, mostrando que a grande meta social do início do terceiro milênio é a busca pela paz por meio da justiça.
Há provérbio chinês que diz: "Podemos escolher o que semear. Somos obrigados, entretanto, a colher o que plantamos". Daí a importância da justiça no para paz. O saudoso pontífice João XXIII costumava dizer que "justiça é novo
nome da paz. Plantemos, pois, justiça, para que colhamos paz".
Ações positivas de governos em prol dos mais necessitados, decisões justas emanadas das instâncias jurisdicionais, uma visão solidária dos mais afortunados em relação aos nossos irmãos carentes são itens que, postos em prática e aliados às campanhas de conscientização por uma cultura de paz, calcada nos princípios éticos e na solidariedade, sem dúvida poderão ajudar a diminuir os indicadores negativos nessa seara.
Muitos ingressam no crime por pura deformação moral. Outros, oprimidos pelo sofrimento de uma vida de privações, acabam descendo ao fundo do poço, de onde dificilmente retornam.
(*) É procurador-geral de Justiça
Texto publicado na edição desta terça-feira (28) da Gazeta de Alagoas

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