Em 2012, Brasil continuará buscando padrão de qualidade turística


Três especialistas e consultores brasileiros analisaram o desenvolvimento do turismo e chegaram à seguinte conclusão: a “saúde” da economia turística avançou expressivamente nos últimos nove anos, mas lacunas históricas exigem soluções que não podem mais ser adiadas. O principal alerta para o período 2012-2014 vai para as áreas de recursos humanos, mobilidade e acessibilidade, infraestrutura urbana e comunicação em idiomas estrangeiros.A tendência de ampliação e qualificação do mercado turístico brasileiro deve permanecer em 2012. Conforme a consultora especializada em turismo, Gleici Guerra, “avançamos muito nos últimos nove anos, e o movimento do setor indica que nossa grande meta é fazer os eventos esportivos de 2014 e 2016 darem certo. A imagem e a reputação do destino Brasil na próxima década vão depender muito disso”. 


Guerra avalia que os desafios reais do turismo no país “ultrapassam o quintal de atuação do MTur”, mas se as políticas públicas trabalharem cada vez mais de forma integrada, o setor chegará a um nível mais alto de pensamento estratégico, e o Brasil terá estímulos para melhorar progressivamente o seu padrão de qualidade turística.

Segundo o professor da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em Turismo, Ricardo Uvinha, o Brasil vem se aperfeiçoando, de forma qualitativa, na formação de mão-de-obra para o setor. “A grande procura por cursos de turismo nas universidades mostra isso. A qualidade da educação é um fator bastante decisivo para a profissionalização do turismo brasileiro. Isso contribui, inclusive, para superarmos a barreira do idioma, que ainda nos limita no contato com o mundo”, afirma.

Exemplos internacionais

As quatro maiores economias turísticas do mundo – França, Estados Unidos, China e Espanha – são exemplos internacionais de organização e mobilidade urbana. Para Mariana Aldrigui, docente do curso de Lazer e Turismo da USP e pesquisadora nas áreas de Turismo Urbano e Políticas Públicas, o Brasil deve apostar em políticas públicas integradas, que considerem que o turista é também um consumidor de transporte.

“O tempo gasto para se deslocar em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, por exemplo, ainda é muito maior do que em Nova York, Paris, Londres e Hong Kong. Isso, além de criar um comprometimento do transporte do morador, também prejudica o visitante. Na verdade, o sistema é um só e deve funcionar bem para todos", analisa.

Para Aldrigui, a organização das cidades cria condições para o turismo acontecer: “o que faz um turista querer voltar ao destino visitado são as coisas simples: rapidez, segurança, facilidade de ir e vir”, ressalta.

Cidades que oferecem maior qualidade de vida se tornam mais atraentes para investidores de diversas áreas do setor. O volume de desembolso de crédito vem crescendo em média 20% ao ano, desde 2003, ano da criação do Ministério do Turismo.

Segundo José do Carmo Rocha Filho, consultor do Departamento de Financiamento e Promoção de Investimentos no Turismo (DFPIT/MTur), o ritmo de aumento do crédito financiado por bancos públicos federais para operações de investimento e capital de giro às empresas turísticas “demonstra que o turismo brasileiro evolui quando são dadas condições favoráveis para isso”.

A expectativa do Ministério do Turismo é que R$10 bilhões sejam injetados em 324 novos empreendimentos hoteleiros que iniciarão operações no Brasil até 2019, gerando 32 mil empregos diretos e aumentando a oferta nacional de unidades habitacionais de hospedagem em 55 mil.

De Brasília
Com informações do MTur

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