Novo tratado do euro tem participação de 23 países da UE

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, anunciou na madrugada desta sexta-feira (9) que pelo menos 23 países da União Europeia (UE) farão parte do tratado intergovernamental para reforçar o euro. Reino Unido e Hungria, porém, informaram que não estão interessados no acordo, enquanto Suécia e República Tcheca disseram que deverão consultar seus Parlamentos.

Após mais de 10 horas de reunião, em Bruxelas, os líderes europeus se comprometeram a adotar um novo pacto fiscal com regras mais rígidas. Além disso, ficou acertado adiantar em um ano a entrada em vigor do fundo de resgate permanente e a adição de 200 bilhões de euros às reservas do Fundo Monetário Internacional (FMI) para ajudar as nações em crise.


`Elementos chave´

Para a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, os países da zona do euro deram uma resposta a três "elementos chave" da crise da dívida europeia. "Os países-membros que farão parte do novo tratado decidiram sobre três componentes principais: a união fiscal, a aceleração da implementação do Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM, na sigla em inglês) e a adição de US$ 270 bilhões às reservas do FMI, recursos a serem confirmados dentro de dez dias", afirmou Lagarde. O ESM é o mecanismo de resgate permanente.

O tratado intergovernamental deve estar concluído em março, informou o presidente francês. "Preferíamos um tratado com os 27 países do bloco, mas não foi possível devido a nossos amigos ingleses", disse Sarkozy.

Sem Reino Unido

O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, surgiu como protagonista - acompanhado pela Hungria -, ao exigir a inclusão de um protocolo para exonerar o Reino Unido de algumas normas sobre a regulação dos serviços financeiros.

"Cameron pediu o que todos considerávamos inaceitável", disse Sarkozy. "Aceitar essa reivindicação do Reino Unido seria duvidar de uma grande parte do trabalho feito (na UE) para a regulação deste setor", insistiu.

"Se não podemos obter salvaguardas, é melhor ficar de fora", afirmou Cameron, pressionado pela ala mais eurocética de seu partido. "Foi uma decisão difícil, mas boa", declarou Cameron, que responsabiliza a zona do euro, principal sócio comercial de Londres, pelos males da economia britânica.

O líder francês rejeitou, porém, que esteja havendo uma divisão na UE. "Estamos tentando salvar nossa moeda e nos acusam de fazer uma Europa de duas velocidade".

Governo da zona do euro

A chanceler alemã, Angela Merkel, celebrou o "bom resultado" do encontro, que segundo ela permitirá ao euro restaurar sua "credibilidade", bem como o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, considerou que o acordo "se aproxima bastante de um bom pacto fiscal e certamente ajudará na situação atual".

Entre outros detalhes, o tratado expressará de forma "clara e definitiva" o fim da participação privada nas eventuais reestruturações da dívida soberana.

Além disso, haverá um governo da zona do euro, integrado por chefes de Estado e de governo, que se reunirá todos os meses durante a crise.

Fonte: EFE

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