Dia do Índio: Yanomanis isolados estão ameaçados por garimpo


Este ano, celebra-se os 20 anos da homologação da Terra Indígena Yanomami. O anúncio, feito às vésperas da Conferência Mundial das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), em 1992, no Rio de Janeiro, permitiu a permanência de índios "isolados", mas a presença do garimpo ilegal a menos de 15 km da aldeia onde vivem ameaça sua sobrevivência.

A Hutukara Associação Yanomami divulgou em seu site nesta quinta-feira (19) imagens inéditas de grupo yanomami isolado reconhecido como os Moxi hatëtëma thëpë por seus vizinhos. O vídeo Grupo Yanomami Isolado mostra cenas filmadas em julho de 2011 pelo cinegrafista da Hutukara Morzaniel Iramari Yanomami, durante sobrevoo realizado em parceria com a Funai, por meio da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Ye'kuana.

Pelas imagens pode-se estimar uma população aproximada de 70 pessoas e aparentemente com boa saúde. Os Moxi hatëtëma thëpë são conhecidos de longa data dos Yanomami que vivem em suas proximidades, e com quem sempre mantiveram relações de inimizade. A Funai já havia registrado a presença desses isolados na década de 1970 tendo realizado algumas tentativas frustradas de entrar em contato com esse grupo. O vídeo divulgado pela Hutukara trata destas antigas relações de conflito, destacando que a política atual da Funai e dos Yanomami é de respeito à situação do isolamento,entendida como um ato coletivo voluntário.

Na época do sobrevoo, constatou-se que os Moxi hatëtëma thëpë correm perigo pois, segundo a Funai, existem garimpeiros atuando ilegalmente na TI Yanomami, a cerca de 15 km de sua aldeia. Esta proximidade vem restringindo as áreas de uso dos Moxi hatëtëma thëpë, empurrando-os para mais perto de outros Yanomami e aumentando cada vez mais os riscos de conflitos e/ou de uma crise epidemiológica, com consequências catastróficas.

Este ano, a Hutukara está dando destaque aos 20 anos de homologação da Terra Indígena Yanomami, ressaltando conquistas e desafios dos Yanomami e Ye´kuana. A demarcação permitiu a permanência de grupos Yanomami vivendo de forma autônoma em seu território, caso dos Moxi hatëtëma thëpë, sem contato com a sociedade brasileira e com outros indígenas. Ainda assim, apesar destes 20 anos, a Terra Indígena Yanomami segue exposta à presença de garimpeiros e fazendeiros, sendo urgente a consolidação de um plano de proteção e gestão do território, tema central das atividades desenvolvidas pela Hutukara e pelo ISA na Terra Indígena.

Fonte: Instituto Sócio Ambiental

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