ocupação em baixa Mais 9 mil entraram na fila do desemprego
O contingente de desempregados voltou a crescer na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) no último mês de abril, passando de 164 mil, em março, para 173 mil. Entre os dois meses, nove mil trabalhadores entraram na fila do desemprego devido ao fechamento de seis mil postos de trabalho no quarto mês de 2011 e ao ingresso de mais três mil pessoas na população economicamente ativa (PEA) do mercado local. De março a abril a taxa de desemprego passou de 9,3% para 9,8% da PEA - a mais elevada desde agosto do ano passado.
Os dados são da Pesquisa de Emprego e Desemprego na RMF (PED) divulgada, ontem, pelo Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT) em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
De acordo com o analista de mercado de trabalho do IDT, Mardônio Costa, embora o índice de desemprego (9,8%) seja o mais alto dos últimos oito meses, trata-se da menor taxa do mês de abril desde 2009. O ápice, segundo ele, ocorreu no quarto mês de 2010, quando o índice chegou a 10,6%.
O alento, porém, não é suficiente para encobrir a tendência de queda das ocupações e de aumento do desemprego ao longo de 2011. "No acumulado do ano, contabilizamos 24 mil desempregados a mais. Enquanto isso, foram eliminados 58 mil postos de trabalho de janeiro a abril", destaca.
Setores
Em abril a queda do nível ocupacional foi puxado pelo setor da construção civil (-6,3%), que fechou 7 mil postos de trabalho, seguido do indicador que inclui outros setores (-2,7%), o qual agrega os serviços domésticos, com redução de 4 mil empregos. Também em retração, o comércio reduziu mil ocupações no respectivo mês.
A performance negativa foi atenuada pelos segmentos de serviços e a indústria, que geraram cerca de 4 mil e 2 mil postos, respectivamente.
Segundo a posição na ocupação, foram perdidos sete mil postos no total de assalariados, com queda de 973 mil ocupados, em março, para 966 mil, em abril. A queda foi gerada pela eliminação de 9 mil ocupações no setor público (-6,4%).
Por sua vez, o setor privado gerou 2 mil postos com carteira assinada, totalizando 638 mil trabalhadores formais no último mês. Entre os autônomos, a expansão foi de 8 mil vagas, somando 425 mil trabalhadores no mercado de trabalho. Conforme Costa, é importante destacar que, no comparativo anual, enquanto as vagas com carteira assinada cresceram 10,8% na iniciativa privada, houve retração de 10,5% nos empregos domésticos. "Eu vejo que o emprego com carteira está retomando a tendência de alta, enquanto os domésticos mantêm a trajetória de queda", observa.
Para Ediran Teixeira, coordenador da PED no Dieese, os dados indicam que os trabalhadores domésticos estão migrando para ocupações com carteira assinada, mas para empregos de baixo rendimento e extensa jornada de trabalho. "Isso converge para a precarização cada vez maior de mercado de trabalho local", afirma.
Rendimento médio real cai
Entre fevereiro e março, o rendimento médio real dos ocupados na RMF recuou de R$ 890 para R$ 878 (-1,4%) e dos assalariados reduziu de R$ 964 para R$ 962 (-0,2). Já os empregados com carteira assinada no setor privado tiveram alta de 0,7%, chegando ao rendimento médio de R$ 847. Os sem carteira tiveram diminuição de 1,7% ficando em R$ 561. A massa de rendimentos recuou 2,7% em março em função de dois fatores: a queda do nível ocupacional e também do rendimento médio real. "À medida que cai o número de ocupados, a massa de rendimentos tende a cair. Outro fato que precisa ser considerado é que quando se tiram pessoas do mercado de trabalho, geralmente se corta os maiores salários. E mesmo quando esses profissionais são substituídos, o rendimento do seu sucessor diminui. Ou seja o salário cai", explica Ediran Teixeira, do Dieese.
Opinião do especialista
Pressão sobre o mercado é preocupante
A alta do desemprego aberto é preocupante. Pela primeira vez, superou o ano anterior (118 mil contra 112 mil). Outro indicador conjuntural importante, a queda nas ocupações está crescente. No ano, foi ampliada consecutivamente. Por outro lado, o emprego com carteira assinada cresceu com a força da indústria. Entretanto, construção civil e comércio estão crescendo, mas com queda nas ocupações. A questão da renda é outro fator sério que demonstra a precarização do mercado de trabalho em Fortaleza.
Ediran TeixeiraCoordenador da PED no Dieese
R$ 878,00 EM MÉDIARMF mantém o pior rendimento
Mesmo com a elevação da taxa de desemprego em abril, comparada as sete regiões metropolitanas onde a PED é aplicada, a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) mantém a terceira menor taxa de desemprego (9,8%), perdendo apenas para Porto Alegre (7,4%) e Belo Horizonte (8,1%).
A exemplo de meses anteriores, porém, a RMF continua apresentando o pior rendimento médio real dentre as sete regiões pesquisadas (R$ 878,00). O maior rendimento médio real permanece com o Distrito Federal (R$ 2.003,00), sendo seguido de São Paulo (R$ 1.490,00), Porto Alegre (R$ 1.395,00), Belo Horizonte (R$ 1.391,00), Salvador (R$ 1.038,00) e Recife (R$ 948,00).
Contraponto
Na avaliação de Junior Macambira, diretor de Estudos e Pesquisas do IDT, é preciso que se faça um contraponto em relação ao cenário do mercado de trabalho da RMF. "Com a queda das chuvas e a consequente recuperação da construção civil, a indústria retomando sua produção e diante da perspectiva de crescimento das atividades de comércio e serviços nos próximos meses, o mercado de trabalho deve experimentar dias melhores este ano, com queda nos patamares de desemprego e incremento das ocupações", diz.
ÂNGELA CAVALCANTEREPÓRTER
Os dados são da Pesquisa de Emprego e Desemprego na RMF (PED) divulgada, ontem, pelo Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT) em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
De acordo com o analista de mercado de trabalho do IDT, Mardônio Costa, embora o índice de desemprego (9,8%) seja o mais alto dos últimos oito meses, trata-se da menor taxa do mês de abril desde 2009. O ápice, segundo ele, ocorreu no quarto mês de 2010, quando o índice chegou a 10,6%.
O alento, porém, não é suficiente para encobrir a tendência de queda das ocupações e de aumento do desemprego ao longo de 2011. "No acumulado do ano, contabilizamos 24 mil desempregados a mais. Enquanto isso, foram eliminados 58 mil postos de trabalho de janeiro a abril", destaca.
Setores
Em abril a queda do nível ocupacional foi puxado pelo setor da construção civil (-6,3%), que fechou 7 mil postos de trabalho, seguido do indicador que inclui outros setores (-2,7%), o qual agrega os serviços domésticos, com redução de 4 mil empregos. Também em retração, o comércio reduziu mil ocupações no respectivo mês.
A performance negativa foi atenuada pelos segmentos de serviços e a indústria, que geraram cerca de 4 mil e 2 mil postos, respectivamente.
Segundo a posição na ocupação, foram perdidos sete mil postos no total de assalariados, com queda de 973 mil ocupados, em março, para 966 mil, em abril. A queda foi gerada pela eliminação de 9 mil ocupações no setor público (-6,4%).
Por sua vez, o setor privado gerou 2 mil postos com carteira assinada, totalizando 638 mil trabalhadores formais no último mês. Entre os autônomos, a expansão foi de 8 mil vagas, somando 425 mil trabalhadores no mercado de trabalho. Conforme Costa, é importante destacar que, no comparativo anual, enquanto as vagas com carteira assinada cresceram 10,8% na iniciativa privada, houve retração de 10,5% nos empregos domésticos. "Eu vejo que o emprego com carteira está retomando a tendência de alta, enquanto os domésticos mantêm a trajetória de queda", observa.
Para Ediran Teixeira, coordenador da PED no Dieese, os dados indicam que os trabalhadores domésticos estão migrando para ocupações com carteira assinada, mas para empregos de baixo rendimento e extensa jornada de trabalho. "Isso converge para a precarização cada vez maior de mercado de trabalho local", afirma.
Rendimento médio real cai
Entre fevereiro e março, o rendimento médio real dos ocupados na RMF recuou de R$ 890 para R$ 878 (-1,4%) e dos assalariados reduziu de R$ 964 para R$ 962 (-0,2). Já os empregados com carteira assinada no setor privado tiveram alta de 0,7%, chegando ao rendimento médio de R$ 847. Os sem carteira tiveram diminuição de 1,7% ficando em R$ 561. A massa de rendimentos recuou 2,7% em março em função de dois fatores: a queda do nível ocupacional e também do rendimento médio real. "À medida que cai o número de ocupados, a massa de rendimentos tende a cair. Outro fato que precisa ser considerado é que quando se tiram pessoas do mercado de trabalho, geralmente se corta os maiores salários. E mesmo quando esses profissionais são substituídos, o rendimento do seu sucessor diminui. Ou seja o salário cai", explica Ediran Teixeira, do Dieese.
Opinião do especialista
Pressão sobre o mercado é preocupante
A alta do desemprego aberto é preocupante. Pela primeira vez, superou o ano anterior (118 mil contra 112 mil). Outro indicador conjuntural importante, a queda nas ocupações está crescente. No ano, foi ampliada consecutivamente. Por outro lado, o emprego com carteira assinada cresceu com a força da indústria. Entretanto, construção civil e comércio estão crescendo, mas com queda nas ocupações. A questão da renda é outro fator sério que demonstra a precarização do mercado de trabalho em Fortaleza.
Ediran TeixeiraCoordenador da PED no Dieese
R$ 878,00 EM MÉDIARMF mantém o pior rendimento
Mesmo com a elevação da taxa de desemprego em abril, comparada as sete regiões metropolitanas onde a PED é aplicada, a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) mantém a terceira menor taxa de desemprego (9,8%), perdendo apenas para Porto Alegre (7,4%) e Belo Horizonte (8,1%).
A exemplo de meses anteriores, porém, a RMF continua apresentando o pior rendimento médio real dentre as sete regiões pesquisadas (R$ 878,00). O maior rendimento médio real permanece com o Distrito Federal (R$ 2.003,00), sendo seguido de São Paulo (R$ 1.490,00), Porto Alegre (R$ 1.395,00), Belo Horizonte (R$ 1.391,00), Salvador (R$ 1.038,00) e Recife (R$ 948,00).
Contraponto
Na avaliação de Junior Macambira, diretor de Estudos e Pesquisas do IDT, é preciso que se faça um contraponto em relação ao cenário do mercado de trabalho da RMF. "Com a queda das chuvas e a consequente recuperação da construção civil, a indústria retomando sua produção e diante da perspectiva de crescimento das atividades de comércio e serviços nos próximos meses, o mercado de trabalho deve experimentar dias melhores este ano, com queda nos patamares de desemprego e incremento das ocupações", diz.
ÂNGELA CAVALCANTEREPÓRTER
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