exame de mamografia Despreparo de Municípios compromete atendimento
Não é a falta de equipamentos o problema da prevenção do câncer de mama, mas de um trabalho eficiente
Iguatu Ao longo deste ano, o Ceará deverá registrar cerca de 900 casos de câncer de mama. A estimativa é do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Os especialistas apontam que o melhor remédio é a prevenção, mas há entraves para a realização do exame de mamografia. Os obstáculos não são a escassez de mamógrafos, mas a falta de funcionamento adequado dos serviços e dos equipamentos, além da educação em saúde, orientação às mulheres e, ainda, mobilização social.
De acordo com dados do coordenador do Comitê Estadual de Prevenção e Controle do Câncer, instalado pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), Luís Porto, o Ceará dispõe de 44 mamógrafos, sendo 16 em Fortaleza e 28 no Interior.
Preocupante
"A situação no Interior é mais preocupante do que na Capital", frisou. "A demanda é reduzida não por falta de equipamentos, mas por ausência de mobilização e despreparo das equipes de saúde, de envolvimento da sociedade e, também, insensibilidade de alguns Municípios".
O médico e professor da Universidade Federal do Ceará, Luís Porto, observa que o serviço nas cidades interioranas é precário. "O que existe funciona mal", frisou. "É preciso mais compromisso dos serviços públicos municipais, das equipes de saúde e da sociedade". Na avaliação de Porto, esses seriam os gargalos para um melhor atendimento às mulheres e prevenção do câncer de mama. "A demanda por exames de mamografia está aquém da necessidade".
Periodicidade
O exame de mamografia deve ser feito de dois em dois anos em mulheres entre 50 e 70 anos de idade ou quando houver indicação médica. "Há desconhecimento da população, por isso é preciso que as secretarias municipais de saúde promovam campanhas, mobilizações para esclarecer o público feminino", disse Porto. "O nosso esforço é para fazer com que esses equipamentos funcionem adequadamente e a demanda cresça". Segundo avaliação de Porto, os mamógrafos atendem menos da metade da capacidade.
A expectativa da Sesa é de que a partir da instalação de 21 policlínicas nas microrregiões do Estado do Ceará, o problema seria amenizado. Inicialmente, a população de oito Municípios localizados na região Maciço de Baturité não está mais se deslocando para Fortaleza para realizar exames, dentre os quais, o de mamografia.
A razão disso é em decorrência do funcionamento da Policlínica Clóvis Amora Vasconcelos, em Baturité. "O ideal é que o paciente faça o exame na região em que mora, próximo à sua cidade, evitando deslocamento para a Capital", observou Luís Porto. "A implantação da rede de policlínicas faz parte do nosso planejamento e deve estar concluída em dois anos", disse ele. A unidade de Baturité já realizou quase 400 mamografias neste mês de maio.
Contratação de profissionais
Apesar do esforço da Sesa, muitos médicos e secretários de saúde estão com o pé atrás. Além de construir e inaugurar as policlínicas é necessário haver investimento na contratação de profissionais de saúde com bons salários. Há críticas sobre o modelo atual. "A contratação é por organização social, regime celetista, e o salário não é atrativo", observa o médico Eliade Bezerra. "Creio que o governo terá dificuldades".
O médico Luís Porto reconhece a dificuldade de contratação de médicos radiologistas para o diagnóstico dos exames de mama. "É um problema, mas os mamógrafos que serão instalados no Interior são digitais e permitem que os dados sejam enviados e o diagnóstico será feito por uma equipe de profissionais em Fortaleza", explicou.
O secretário de Saúde do Município de Iguatu, Joab Soares, acredita que, a partir do funcionamento das policlínicas, a demanda reprimida que existe em cidades do Interior do Estado do Ceará será reduzida. "Esse é o objetivo dessas unidades, mas esbarra na falta de médicos especializados para o atendimento ao público".
MAIS INFORMAÇÕES
Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa)
Município de Fortaleza
Telefone: (85) 3101.5220
PREVENÇÃO AMEAÇADAEquipamento quebra com frequência
Na região Centro-Sul só há um mamógrafo instalado no Hospital Regional de Iguatu, para atender a demanda de quase 20 Municípios que fazem referência para a cidade de Iguatu. "A nossa maior dificuldade é que o equipamento só vive quebrado", disse o secretário de Saúde de Iguatu, Joab Soares. Mesmo assim, as solicitações de exames são atendidas a cada mês, segundo a Central de Regulação de Exames e Consultas.
Há mais de uma semana que o mamógrafo está com defeito. "Não é um equipamento moderno", observa o diretor administrativo do Hospital Regional de Iguatu, Plutarco Lima Filho. "Sempre mandamos consertar". Em 2010, o custo de manutenção do equipamento foi de R$ 72 mil e nos primeiros quatro meses deste ano já chegou a R$ 21 mil. "São recursos do Município que investimos para consertar o aparelho".
A média mensal é de realização de 200 mamografias. Em 2010, o equipamento permaneceu em pane por dois meses seguidos. Apesar dos constantes defeitos e adiamento da realização de exames, a Central de Marcação de Consultas da Secretaria de Saúde de Iguatu esclarece que não há fila de espera que ultrapasse 30 dias. "Todos os exames solicitados são atendidos dentro do mês", disse Joab Soares. "Temos um serviço de encaminhamento das mulheres atendidas nas unidades do Programa de Saúde da Família".
O médico ginecologista, Eliade Bezerra, observa que falta padronização nos serviços públicos de atendimento à mulher. "Não há acompanhamento, controle real dos fatores de risco e não se pede o exame de mamografia com regularidade", disse. "A prevenção é fundamental e o diagnóstico na fase inicial faz muita diferença". Bezerra defende que acima de 40 anos, as mulheres deveriam fazer o exame anualmente. "A demanda é reduzida porque as equipes do PSF não solicitam na quantidade que deveriam o exame".
Casos elevados
O Município de Icó é um dos que apresenta elevados casos de câncer de mama no Ceará e os índices têm chamado a atenção de unidades especializadas no tratamento da doença em Fortaleza. A cidade é polo de uma microrregional de saúde, mas não dispõe de mamógrafo.
"Estamos realizando um plano de ação, um trabalho de orientação às mulheres", disse a coordenadora do Programa Saúde da Mulher, Samantha Ferreira. "Em comparação com os primeiros quatro meses de 2010, neste ano multiplicamos por oito o número de exames solicitados. "A demanda não é maior por causa da necessidade de deslocamento das pacientes".
Sem previsão
Em Icó está em construção uma policlínica, mas ainda não há previsão da Sesa para a conclusão e funcionamento da obra, que vai oferecer dentre outros exames de imagem, a mamografia. "Nossa expectativa é ampliar o número de exames e nossos esforços são no sentido de reforçar campanhas educativas nas unidades do PSF", frisou Samantha. "Neste ano, realizamos trabalho porta a porta para conscientizar as mulheres".
MAIS INFORMAÇÕES
Secretaria de Saúde de IguatuTelefone: (88) 3581.1700
Secretaria de Saúde de IcóTelefone: (88) 3561.1474
Honório BarbosaRepórter
Iguatu Ao longo deste ano, o Ceará deverá registrar cerca de 900 casos de câncer de mama. A estimativa é do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Os especialistas apontam que o melhor remédio é a prevenção, mas há entraves para a realização do exame de mamografia. Os obstáculos não são a escassez de mamógrafos, mas a falta de funcionamento adequado dos serviços e dos equipamentos, além da educação em saúde, orientação às mulheres e, ainda, mobilização social.
De acordo com dados do coordenador do Comitê Estadual de Prevenção e Controle do Câncer, instalado pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), Luís Porto, o Ceará dispõe de 44 mamógrafos, sendo 16 em Fortaleza e 28 no Interior.
Preocupante
"A situação no Interior é mais preocupante do que na Capital", frisou. "A demanda é reduzida não por falta de equipamentos, mas por ausência de mobilização e despreparo das equipes de saúde, de envolvimento da sociedade e, também, insensibilidade de alguns Municípios".
O médico e professor da Universidade Federal do Ceará, Luís Porto, observa que o serviço nas cidades interioranas é precário. "O que existe funciona mal", frisou. "É preciso mais compromisso dos serviços públicos municipais, das equipes de saúde e da sociedade". Na avaliação de Porto, esses seriam os gargalos para um melhor atendimento às mulheres e prevenção do câncer de mama. "A demanda por exames de mamografia está aquém da necessidade".
Periodicidade
O exame de mamografia deve ser feito de dois em dois anos em mulheres entre 50 e 70 anos de idade ou quando houver indicação médica. "Há desconhecimento da população, por isso é preciso que as secretarias municipais de saúde promovam campanhas, mobilizações para esclarecer o público feminino", disse Porto. "O nosso esforço é para fazer com que esses equipamentos funcionem adequadamente e a demanda cresça". Segundo avaliação de Porto, os mamógrafos atendem menos da metade da capacidade.
A expectativa da Sesa é de que a partir da instalação de 21 policlínicas nas microrregiões do Estado do Ceará, o problema seria amenizado. Inicialmente, a população de oito Municípios localizados na região Maciço de Baturité não está mais se deslocando para Fortaleza para realizar exames, dentre os quais, o de mamografia.
A razão disso é em decorrência do funcionamento da Policlínica Clóvis Amora Vasconcelos, em Baturité. "O ideal é que o paciente faça o exame na região em que mora, próximo à sua cidade, evitando deslocamento para a Capital", observou Luís Porto. "A implantação da rede de policlínicas faz parte do nosso planejamento e deve estar concluída em dois anos", disse ele. A unidade de Baturité já realizou quase 400 mamografias neste mês de maio.
Contratação de profissionais
Apesar do esforço da Sesa, muitos médicos e secretários de saúde estão com o pé atrás. Além de construir e inaugurar as policlínicas é necessário haver investimento na contratação de profissionais de saúde com bons salários. Há críticas sobre o modelo atual. "A contratação é por organização social, regime celetista, e o salário não é atrativo", observa o médico Eliade Bezerra. "Creio que o governo terá dificuldades".
O médico Luís Porto reconhece a dificuldade de contratação de médicos radiologistas para o diagnóstico dos exames de mama. "É um problema, mas os mamógrafos que serão instalados no Interior são digitais e permitem que os dados sejam enviados e o diagnóstico será feito por uma equipe de profissionais em Fortaleza", explicou.
O secretário de Saúde do Município de Iguatu, Joab Soares, acredita que, a partir do funcionamento das policlínicas, a demanda reprimida que existe em cidades do Interior do Estado do Ceará será reduzida. "Esse é o objetivo dessas unidades, mas esbarra na falta de médicos especializados para o atendimento ao público".
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Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa)
Município de Fortaleza
Telefone: (85) 3101.5220
PREVENÇÃO AMEAÇADAEquipamento quebra com frequência
Na região Centro-Sul só há um mamógrafo instalado no Hospital Regional de Iguatu, para atender a demanda de quase 20 Municípios que fazem referência para a cidade de Iguatu. "A nossa maior dificuldade é que o equipamento só vive quebrado", disse o secretário de Saúde de Iguatu, Joab Soares. Mesmo assim, as solicitações de exames são atendidas a cada mês, segundo a Central de Regulação de Exames e Consultas.
Há mais de uma semana que o mamógrafo está com defeito. "Não é um equipamento moderno", observa o diretor administrativo do Hospital Regional de Iguatu, Plutarco Lima Filho. "Sempre mandamos consertar". Em 2010, o custo de manutenção do equipamento foi de R$ 72 mil e nos primeiros quatro meses deste ano já chegou a R$ 21 mil. "São recursos do Município que investimos para consertar o aparelho".
A média mensal é de realização de 200 mamografias. Em 2010, o equipamento permaneceu em pane por dois meses seguidos. Apesar dos constantes defeitos e adiamento da realização de exames, a Central de Marcação de Consultas da Secretaria de Saúde de Iguatu esclarece que não há fila de espera que ultrapasse 30 dias. "Todos os exames solicitados são atendidos dentro do mês", disse Joab Soares. "Temos um serviço de encaminhamento das mulheres atendidas nas unidades do Programa de Saúde da Família".
O médico ginecologista, Eliade Bezerra, observa que falta padronização nos serviços públicos de atendimento à mulher. "Não há acompanhamento, controle real dos fatores de risco e não se pede o exame de mamografia com regularidade", disse. "A prevenção é fundamental e o diagnóstico na fase inicial faz muita diferença". Bezerra defende que acima de 40 anos, as mulheres deveriam fazer o exame anualmente. "A demanda é reduzida porque as equipes do PSF não solicitam na quantidade que deveriam o exame".
Casos elevados
O Município de Icó é um dos que apresenta elevados casos de câncer de mama no Ceará e os índices têm chamado a atenção de unidades especializadas no tratamento da doença em Fortaleza. A cidade é polo de uma microrregional de saúde, mas não dispõe de mamógrafo.
"Estamos realizando um plano de ação, um trabalho de orientação às mulheres", disse a coordenadora do Programa Saúde da Mulher, Samantha Ferreira. "Em comparação com os primeiros quatro meses de 2010, neste ano multiplicamos por oito o número de exames solicitados. "A demanda não é maior por causa da necessidade de deslocamento das pacientes".
Sem previsão
Em Icó está em construção uma policlínica, mas ainda não há previsão da Sesa para a conclusão e funcionamento da obra, que vai oferecer dentre outros exames de imagem, a mamografia. "Nossa expectativa é ampliar o número de exames e nossos esforços são no sentido de reforçar campanhas educativas nas unidades do PSF", frisou Samantha. "Neste ano, realizamos trabalho porta a porta para conscientizar as mulheres".
MAIS INFORMAÇÕES
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Secretaria de Saúde de IcóTelefone: (88) 3561.1474
Honório BarbosaRepórter
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