Meninas mais pobres estão menstruando mais cedo, diz estudo britânico Tendência preocupa especialistas porque estaria associada a aumento na incidência de câncer de mama nesse grupo.
Meninas de nível econômico mais baixo têm maiores chances de começar a menstruar mais cedo, o que aumenta os riscos de que desenvolvam câncer de mama, dizem especialistas britânicos.
Os pesquisadores basearam suas conclusões em um estudo de longo prazo do qual participam 90 mil mulheres britânicas e cujo objetivo é investigar que fatores genéticos, ambientais e outros relativos a estilos de vida, estariam associados ao câncer.
O estudo, intitulado Breakthrough Generations Study, iniciativa da entidade britânica de fomento a pesquisas Breakthrough Breast Cancer, terá a duração de 40 anos. Alguns dos resultados foram publicados na revista científica Paediatric and Perinatal Epidemiology.
Eles indicam que meninas mais pobres, com dietas alimentares também mais pobres, tendem a menstruar pela primeira vez por volta dos 12,1 anos de idade, em comparação com meninas mais ricas, que tendem a ter sua primeira menstruação aos 12,5 anos.
O risco de câncer entre as meninas mais pobres seria maior porque elas estariam produzindo o hormônio estrogênio durante mais tempo.
Além da idade da primeira menstruação, outros fatores que, acredita-se, estariam associados ao câncer de mama, seriam a idade da mulher, consumo de álcool, peso, uso de terapias de reposição hormonal e da pílula anticoncepcional.
Queda Progressiva
No início do século 20, a primeira menstruação em mulheres britânicas ocorria, em média, aos 13,5 anos de idade. Por volta da década de 1940, a média caiu para 12,5 anos. Houve poucas mudanças nas quatro décadas subsequentes.
No final da década de 1980, a média caiu novamente, para os 12,3 anos.
A idade da primeira mentruação está vinculada ao peso da menina. Portanto, o aumento nos índices de crianças obesas na Grã-Bretanha, particularmente em classes sócio-econômicas mais baixas, poderia talvez ajudar a explicar a mudança.
No passado, meninas de nível sócio-econômico mais alto, com dietas mais ricas e peso maior, tendiam a menstruar mais cedo.
"Não sabemos as razões por trás (da queda na idade da primeira menstruação), mas alterações na dieta podem ter cumprido algum papel", disse a autora do estudo, Danielle Morris, do Institute of Cancer Research, no condado de Surrey, Inglaterra.
"Essa queda é importante porque a idade na qual uma menina começa a menstruar pode influenciar suas chances de desenvover câncer de mama mais tarde".
Efeito Estrogênio
Estudos anteriores demonstraram que o hormônio feminino estrogênio está associado ao crescimento de tumores nas mamas.
Meninas que menstruam mais cedo tendem a sofrer maior exposição ao hormônio mesmo quando deixam de menstruar, explicou a pediatra Tabitha Randall, do Nottingham Children's Hospital, em Nottingham, Inglaterra.
"As meninas que começam a menstruar mais cedo estão produzindo estrogênio por períodos mais longo de tempo", disse Randall. "E embora mulheres que começam a menstruar antes normalmente deixam de menstruar mais cedo, elas podem começar a usar terapia de reposição hormonal", explicou a pediatra.
Níveis de estrogênio no organismo também são influenciados pela dieta e, portanto, peso.
"A dieta é importante porque o tecido adiposo transforma o hormônio masculino em estrogênio", acrescentou Randall.
Hereditariedade
A incidência de câncer de mama na família também aumenta os riscos de que uma mulher desenvolva a doença.
Um outro especialista envolvido no Breakthrough Generations Study, Anthony Swerdlow, disse que índices de câncer de mama vêm aumentando na Grã-Breanha.
"Achamos que essas mudanças ocorreram por uma combinação de fatoers que, individualmente, fazem uma pequena diferença".
"A compreensão de como esses fatores influenciam os riscos de uma mulher de desenvolver cãncer de mama pode permitir que desenvolvamos estratégias para prevenir a doença no futuro".
O número de casos de câncer de mama diagnosticados na Grã-Bretanha aumentou 50% nos últimos 25 anos. Segundo estatísticas mais recentes, quase 48 mil novos casos foram identificados em 2008. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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