Diferenças salariais vêm caindo no Ceará
Pesquisa revela ainda que a taxa de crescimento do rendimento médio é maior fora da RMF
Estudo do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) aponta que a diferença dos salários entre a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) e o restante do Estado tem caído nas duas últimas décadas. Ao analisar a renda do trabalho principal das pessoas em idade produtiva (entre 16 e 65 anos de idade), a pesquisa constatou que fora da RMF o rendimento médio cresceu à taxa de 1,95% ao ano, entre 1992 e 2009, enquanto que na RMF este crescimento foi de apenas 0,5%. Contudo, vale ressaltar que, apesar desse crescimento, a renda média fora da RMF, no último ano avaliado, ainda permanece inferior à média observada na região mais economicamente desenvolvida.
Este é um dos resultados encontrados no trabalho "Os Determinantes da Redução da Desigualdade Espacial no Ceará nas Últimas Décadas", do economista Paulo Pontes.
Distribuição
Já no que tange à distribuição dos rendimentos no trabalho principal, o estudo verificou que o rendimento fora da RMF era bem inferior ao da Região Metropolitana e que, já em 2009, essas médias estavam bastante próximas.
Entretanto, deve-se observar que, tanto em 2001 como em 2009, a distribuição de salários na RMF era mais concentrada, isso quando comparada com a distribuição dos municípios além dessa área, justificando, dessa forma, o maior salário médio nos municípios que compõe a Região Metropolitana.
Indústria
Analisando o setor industrial, considerado pelo governo estadual como uma das prioridades para o desencadeamento de um processo de desenvolvimento econômico no Interior do Ceará, Pontes concluiu que, fora da RMF, o rendimento médio do trabalho principal mais que dobrou no período em questão, enquanto na RMF este crescimento foi de cerca de 40%.
Uma outra constatação, destaca o pesquisador, é que, nesse contexto, os rendimentos no setor industrial, na RMF, passaram a ser inferiores à média paga naquela Região, em todos os setores econômicos. Já no restante do Estado, o salário médio do setor industrial é, nos três anos em análise, superior ao valor médio da economia.
Nível educacional
Neste cenário, ele destaca que as melhorias na educação permitiram essa queda no desnível de rendimentos, apesar de ainda existirem diferenças associadas aos níveis de escolaridade das regiões. "Fica evidente, dessa forma, a importância da continuidade dos investimentos em educação para a redução das desigualdades. Inclusive, foi possível observar que as condições de educação contribuíram de forma mais evidente, para a redução das desigualdades, do que o fato do indivíduo trabalhar na indústria, sugerindo que políticas educacionais podem ser mais efetivas do que as de incentivos ao setor secundário".
E mais: "os programas educacionais, como a alfabetização na idade certa, o profissionalizante e interiorização do ensino superior, deverão potencializar a redução dessas disparidades nos próximos anos", afirma.
Ritmo
1,95 por cento ao ano é o índice de crescimento do rendimento médio do trabalho, no período analisado, nos municípios fora da Região Metropolitana de Fortaleza
ANCHIETA DANTAS JR.
REPÓRTER
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