BC vê piora do cenário para inflação e pode subir juro
O Banco Central admite que o cenário econômico piorou desde a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação de setembro. Na edição de dezembro do documento, divulgada nesta quarta-feira (22), os diretores da instituição afirmam que "o balanço de riscos associado ao cenário prospectivo para a inflação evoluiu desfavoravelmente desde a divulgação do último relatório". "Isso se manifesta, por exemplo, na elevação nas projeções de inflação", cita o documento.
Os membros do comitê afirmam que, no âmbito externo, o principal risco está no preço das matérias-primas (commodities). Segundo o texto, a chance de contaminação da economia brasileira por aumento desses preços "tem se exacerbado pelo processo, ainda em curso, de aumento da liquidez global". "O recente aumento de preços no atacado tem relação estreita com a alta dos preços das commodities no mercado internacional", reconhece o BC.
O documento afirma que, especialmente no caso dos preços agrícolas, foi possível observar aceleração forte no trimestre entre setembro e novembro, "o que alterou negativamente o cenário apresentado no último Relatório de Inflação". Apesar disso, o BC não admite que foi pego de surpresa. "Tal alteração em certa medida foi antecipada pelo Comitê e, de fato, parte substancial da elevação dos preços das commodities já foi incorporada aos preços ao consumidor."
Mesmo minimizando o efeito desses aumentos, o BC afirma que "um risco que se apresenta é de que as pressões oriundas do mercado de commodities perdurem, sem a contrapartida de movimentos, em sentido contrário, de ativos domésticos, o que, aliás, ocorreu em episódio recente".
Ajuste na taxa básica
O Relatório Trimestral de Inflação subiu o tom ao tratar das perspectivas para a política monetária. Ao comentar que as previsões para a inflação "se posicionam acima da meta de 4,5% estabelecida pelo CMN para a inflação em 2011", os diretores do BC afirmam que "desvios em relação à meta, na magnitude dos implícitos nessas projeções, sugerem necessidade de implementação, no curto prazo, de ajuste na taxa básica de juros".
A reação da taxa Selic, explicam os diretores do BC, tem como objetivo "conter o descompasso entre o ritmo de expansão da demanda doméstica e a capacidade produtiva da economia, bem como de reforçar a ancoragem das expectativas de inflação".
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