CARIRI Teleférico de Barbalha traz preocupação a moradores

Barbalha. A preocupação dos moradores do Distrito do Caldas, neste Município, com a possível instalação de um teleférico na área, começa antes mesmo do projeto estar concluído. A pequena vila que se transformou, ao longo dos anos, num povoado que já convive com os problemas urbanos relacionados ao saneamento e até mesmo falta de água, é motivo de atenção redobrada por parte dos moradores.
 
Uma reunião, realizada na Associação dos Moradores do Distrito do Caldas, contou com representantes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio) e do Plano de Ação Nacional para Salvação do Soldadinho-do-Araripe. A proposta de investimento no projeto é de R$ 7 milhões, incluindo a inserção de um calçadão no distrito. Vários questionamentos foram feitos pelos moradores, relacionados principalmente ao impacto ambiental que poderá ser causado, com a construção de teleférico. O equipamento tem como um dos pontos de deslocamento o antigo hotel Bom Jesus, do Caldas.

Segundo o secretário das Cidades, Camilo Santana, o projeto ainda não foi concluído, mas sim um estudo de viabilidade econômica. Ele prevê um debate junto à comunidade no mês de junho. Antes disso, afirma que o projeto será debatido junto ao ICMbio, para só depois ser levado à população, durante audiência pública.

A previsão da Secretaria das Cidades é realizar o projeto em duas etapas. A primeira delas, com a inserção de um calçadão no distrito, estaria prevista para começar no segundo semestre e, só depois, viria a construção do teleférico. Até mesmo uma das mais antigas moradoras, Maria Ferreira Pereira, dona Belinga, de 77 anos, decidiu engrossar as discussões em torno do que para ela poderá ser um problema.

É que a polêmica no pequeno vilarejo surge da possibilidade de moradores que ficarem embaixo da área onde o teleférico irá passar serem indenizados. Depois disso, não terem como adquirir novas moradias no distrito, já que a especulação imobiliária na localidade é alta. "Daqui só saio para o cemitério", diz a moradora.

O analista ambiental do ICMbio, Pedro Augusto Carlos Monteiro, que na reunião dos moradores representou o chefe da Floresta Nacional do Araripe, chegou a ser questionado quanto aos impactos ambientais que o teleférico poderia causar. Segundo ele, não há como avaliar essa situação, já que chegou a ser feito um estudo de viabilidade econômica, encomendado pelo governo. De acordo com a análise inicial, há a proposta da base do teleférico ser construída em três locais. Mas alerta para a preservação do meio ambiente. "Se não houvesse uma Chapada preservada, ninguém ia querer teleférico", afirma.

Outro aspecto questionando esteve relacionado às opções de turismo em cima da serra, se novas trilhas serão abertas, ou simplesmente a contemplação do alto da serra. A preocupação é a possibilidade de desmatamento ou mesmo que pessoas possam desenvolver atividades comerciais e poluírem as matas.

O biólogo Weber Girão, coordenador Plano de Ação Nacional para Salvação do Soldadinho-do-Araripe, destacou a importância da conservação do habitat do pássaro, existente apenas no Cariri e em gravíssimo risco de extinção. Ele esclareceu que o soldadinho sobrevive em áreas com fontes e matas no sopé da Serra do Araripe. Segundo Weber, o pássaro sinaliza para essa realidade do processo de conservação da natureza. "É um grande aliado para mostrar o que se está perdendo e o que é possível ganhar", diz. Os trajetos do bondinho, de acordo com o projeto de viabilidade, incluem três viagens, uma delas do Hotel das Fontes, outro do balneário e o terceiro do antigo hotel.

Mais informações:
Secretaria das Cidades
Telefones: (85) 3101.4462 8603.0369
Fortaleza (CE)

http://www.cidades.ce.gov.br/

ELIZÂNGELA SANTOSREPÓRTER 

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