Festival segue com novos filmes e mostras paralelas


Rumo ao encerramento, na próxima sexta (8), o 22º Cine Ceará exibe hoje um longa espanhol e outro do Equador
O diretor Marcos Pimentel, cujo curta "Século" será exibido hoje; acima, cenas de filmes das mostras
Após cinco dias em plena atividade, o 22º Cine Ceará segue hoje rumo à segunda metade de sua programação, com novos filmes nas mostras competitivas e paralelas, além de seminário. Tudo gratuito, vale ressaltar.

Em destaque, exibições no Theatro José de Alencar de filmes que concorrem ao Troféu Mucuripe. Na mostra brasileira de curtas-metragens, o público poderá conferir "Século", de Marcos Pimentel (2011, Minas Gerais), uma ficção experimental de tom intimista, espécie de ensaio audiovisual sobre movimentos voluntários e involuntários da memória a partir da separação de um casal.

Marcos Pimentel é documentarista formado pela Escola Internacional de Cinema e Televisão de San Antonio de los Baños (EICTV-Cuba), e especializado em Cinema Documentário pela Filmakademie Baden-Württemberg, na Alemanha. Tem no currículo documentários em 35mm e 16mm, em vídeo e para TV, que ganharam mais de 70 prêmios em festivais nacionais e internacionais. Entre os mais recentes estão "A poeira e o vento" (2011), "Taba" (2010) e "Pólis" (2009).

Competição
Já na mostra de longas-metragens competem o documentário "Bertsolari" (2011, Espanha), de Asier Altuna, e a ficção "En el nombre de la hija" ("Em nome da filha", 2011, Equador), de Tania Hermida.

Bertsolari é o indivíduo que improvisa versos cantados em basco - idioma ancestral do povo que habitou historicamente o País Basco, região que abrange uma área do nordeste da Espanha e sudoeste da França.

Essa tradição oral evoluiu e conseguiu se adaptar aos tempos atuais, a partir da aproximação com as gerações mais jovens. No filme, Altuna mostra um campeonato que reuniu 14 mil pessoas para assistir a oito bertsolaris competindo entre si. Uma viagem através da poesia improvisada.

Já em "En el nombre de la hija", a protagonista é a menina Manuela, que tem o nome de seu pai, socialista e ateu. Não obstante, a avó católica e conservadora insiste em chamá-la pelo nome que todas as primogênitas da família recebem há gerações: Dolores.

A história é ambientada em um vale dos Andes do Equador, no verão de 1976. Manuela e seu irmão menor, Camilo, ficam aos cuidados dos avós, na fazenda da família, onde eles compartilham as férias com os primos.

Determinada a defender as ideias de seu pai, Manuela enfrenta os primos e os avós. No meio do caminho, porém, depara-se com um encontro inesperado que a obriga a enfrentar a sim mesma.

Tania Hermida é cineasta especializada em direção, também formada pela Escola Internacional de Cinema e Televisão de San Antonio de los Baños. Tem mestrado em Estudos Culturais pela Universidade de Azuay (Equador) e cursou estudos complementares em Escritura Criativa (Escola de Letras, Madrid) e Estética do Cinema (Universidade de Valladolid).

Como roteirista e diretora, realizou os curtas "Ajubel" (Cuba, 1989), "A ponte quebrada" (Cuenca, 1991) e "Olá" (Quito, 1999). Em 2006 escreve e dirige seu primeiro longa, "Qué tan lejos", que estreou com sucesso no Equador e em alguns países da Europa. "En el nombre de la hija" é seu segundo longa-metragem.

Atividades
Na parte da manhã e da tarde, seguem as mostras e atividades paralelas do festival, entre elas o II Seminário Audiovisual e Desenvolvimento Sustentável, que termina hoje, no auditório A4 da Universidade de Fortaleza.

Na ocasião, estarão presentes dois importantes cineastas nacionais, Luiz Carlos Barreto e Rosemberg Cariry, que participam da mesa-redonda "Novas perspectivas para o cinema brasileiro", de 9h30 às 12 horas. Enquanto Barreto fala sobre o plano diretor proposto ao cinema brasileiro, Cariry aborda o tema "Plano de Libertação e Integração do Cinema Brasileiro".

Também durante a manhã (a partir das 9 horas), acontece a Mostra Melhor Idade, voltada ao público idoso, no auditório do Anexo II da Assembleia Legislativa. O filme escolhido é "Depois daquele baile", de Roberto Bomtempo. Às 10 horas acontece no Hotel Seara o encontro com os realizadores dos curtas e longas-metragens exibidos na noite de ontem (5). Boa oportunidade para estudantes, profissionais e interessados em cinema conhecerem melhor os trabalhos dos selecionados pela curadoria do festival.

À tarde, a partir das 15 horas, acontecem novas sessões das mostras Lucy Barreto e Olhar do Ceará (com filmes do Estado não selecionados para as mostras competitivas), respectivamente na Casa Amarela Eusélio Oliveira e auditório do Anexo II da AL. A primeira exibe o filme "O quatrilho", de Fábio Barreto; a segunda, o documentário "O último apito", de Aderbal Nogueira.

Também na Casa Amarela, às 17 horas, prossegue a mostra Lutas Sociais na América Latina, com o documentário mexicano "Siete instantes", de Diana Cardoso. O longa conta a história de mulheres guerrilheiras no Uruguai na década de 1970. Sob um enfoque intimista, a diretora aborda momentos de decisão e as encruzilhadas pessoais e as decisões éticas e emocionais derivadas.

Mais informações
22º Cine Ceará. Até sexta (8), no TJA e outros espaços da cidade. Entrada gratuita. Programação completa e locais em cineceara.com
Unifor recebe cineasta Orlando Senna para palestra
Além do último dia do II Seminário Audiovisual e Desenvolvimento Sustentável, a Universidade de Fortaleza recebe hoje outro evento relacionado ao cinema (fora da programação do Cine Ceará). Às 19 horas, no Teatro Celina Queiroz, o cineasta e jornalista Orlando Senna faz palestra sobre "Criação e produção no novo cenário do audiovisual brasileiro".

Senna é convidado do curso de Audiovisual e Novas Mídias para debater com os alunos e demais interessados sobre a temática. O evento faz parte das comemorações da conquista da nota máxima do curso na avaliação do MEC.

Patrono do curso da Unifor, Orlando Senna fez a aula inaugurou do curso de Audiovisual e Novas Mídias, no ano de 2008. Baiano de Lençóis, ele começou a produzir na área de cinema nos anos 60. Trabalhou como editor e colaborador do Suplemento Cultural do Diário de Notícias de Salvador, e dirigiu documentários, a exemplo de "Imagem da Terra e do Povo" (produzido por Glauber Rocha), "Lenda Africana na Bahia" e outros.

No mundo dos longas, fez "69 - a construção da morte". Material que nunca pôde ser exibido devido à perda de parte do copião. É ainda autor do roteiro e codiretor do premiado filme "Iracema", de 1974.

O curso de Audiovisual e Novas Mídias da Unifor conquistou a nota máxima concedida pelo Ministério da Educação: cinco. Foi criado em 2008 a partir da à demanda no Ceará por formação especializada na área.

ADRIANA MARTINSREPÓRTER

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