Perda de safras com a seca afeta comércio no Sertão do Ceará


O prejuízo de agricultores do Sertão Central do Ceará tem prejudicado o comércio nas cidades da região. Nas lojas de Quixadá, a queda nas vendas já chega a 40%. Antes, os agricultores gastavam no comércio local o dinheiro que faturavam com a venda do que colhiam. Mas com a seca, não houve produção e eles só aparecem para comprar o básico. As galerias e ruas comerciais, que antes viviam lotadas, hoje ficam, a maior parte do tempo, praticamente vazias.
Com 82% da safra perdida, os moradores do sertão do Ceará têm a esperança de que a chuva chegue no ano que vem. “Sem a chuva, a gente não produz nada. Com chuva é só progredindo as coisas para aumentar”, disse o agricultor, Admilson Barbosa Maciel.
O preço de alguns produtos disparou. O quilo do queijo, por exemplo, subiu de R$ 8,00 para R$ 14,00. E o feijão vendido a R$ 4,00 o quilo, está sendo comprado de fora. “Na nossa cidade não tem produção de nada porque vem tudo de fora e chega mais despendioso”, explica o comerciante Antônio Alves Barbosa.
A agricultora Zilma Nascimento Alves carrega em poucas sacolas os produtos que vão alimentar a família até o fim do mês. “Quando não tem inverno as coisas ficam difíceis, né?”, avaliou. Na casa da agricultora Cecília Silva, a mistura de arroz e feijão é o que alimenta os cinco filhos, a irmã e quatro sobrinhos. A única renda certa vem dos programas sociais do governo federal: R$ 134 por mês. “Tem só uma coisinha de feijão. Aí o pessoal me deu um quilo de arroz. Assim eu vou levando com minha família”, lamenta.
Demissões
Em Quixadá, uma das maiores cidades do sertão do Ceará, os clientes desapareceram das lojas. “Fazia muito tempo que eu não via o comércio desse jeito parado. Fraquíssimo”, reclama o comerciante Eliser Costa.
O comerciante João Soares diz que este é o período mais fraco que já presenciou. “Está com mais de 30 anos que eu sou comerciante e é o período mais fraco que nós enfrentamos foi esse de 2012”.
Sem consumidores, sobram vendedores. E o setor que emprega três mil pessoas na cidade já começa a demitir. Em uma loja que está há 60 anos no mercado, o número de funcionários já foi reduzido. “Nós tivemos que demitir três. Inclusive um ontem. Infelizmente. É a última coisa que a gente tem de fazer”, afirmou o comerciante Sérgio Costa.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas, Júnior Capistrano, cita o gasto para demitir um funcionário. “O que não demitiu é porque não pode pagar. a demissão gera um custo muito alto”.

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