IPHAN ALEGA QUE OS TÉCNICOS DA UFC NÃO AVANÇARAM NOS TRABALHOS E COGITA CONTRATAR UMA EQUIPE MAIS AMPLA



 

COM A PROXIMIDADE DO CENTENÁRIO DE JUAZEIRO, CRESCE A EXPECTATIVA PARA QUE O MONUMENTO SEJA TOMBADO. COM 28 METROS, É A TERCEIRA MAIOR ESTÁTUA EM CONCRETO ARMADO DO MUNDO
FOTO: EDUARDO QUEIROZ

Juazeiro do Norte. O processo de tombamento da estátua do Padre Cícero como patrimônio da cultura brasileira, poderá ter uma equipe mais ampla de trabalho. A equipe a ser contratada terá a finalidade de realizar os levantamentos necessários para desenvolver o processo de instrução.


Essa decisão deve ser tomada até o final deste mês pela equipe do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no Estado. Uma parceria foi firmada entre o órgão e a Universidade Federal do Ceará (UFC), mas não houve avanços desde que a equipe técnica foi montada para iniciar os primeiros levantamentos.


A indisponibilidade dos técnicos para o desenvolvimento do trabalho tem sido o problema. Segundo o superintendente do Iphan, Alexandre José Martins Jacó, os trabalhos já poderiam ter tido avanços, mas essa questão vem sendo avaliada para verificar, realmente, se a equipe de arquitetos e historiadores da UFC poderá desempenhar essa atividade. Caso contrário, o Iphan irá viabilizar uma equipe mais variada, que inclui desde sociólogos a arquitetos, historiadores e antropólogos para iniciar os levantamentos.


Uma reunião foi realizada em julho com a presença do reitor da UFC, Jesualdo Farias, técnicos do Iphan, e o administrador do Horto, padre José Venturelli, além de docentes da Universidade, com a finalidade de debater a parceria para início dos trabalhos. Uma segunda reunião ocorreu na sede do Iphan, para montar a equipe de trabalho. Desde então, não houve avanços.


O superintendente do Iphan disse que nesse momento se verificou uma dificuldade de disponibilidade dos pesquisadores, em poder ter uma dedicação maior nos trabalhos. Mas, ao mesmo tempo, destacou-se a possibilidade de participação.


Ainda não foi possível agendar reunião de encaminhamento dos trabalhos por conta dessa dificuldade das pessoas estarem indisponíveis. "Então, se for inviável com a UFC, vamos contratar uma empresa para realizar a instrução, onde estarão contidos todos os levantamentos necessários para o encaminhamento ao Departamento do Patrimônio Imaterial (DPI)".


A meta é que esse reconhecimento do monumento do Padre Cícero, de quatro décadas, aconteça no ano do Centenário da cidade, em 2011. Outro ponto importante será a liberação de verba para financiar a empresa responsável pelos trabalhos, a partir do aval do DPI.


Mudanças


Alexandre Jacó afirma que o processo de levantamento para realizar a instrução da estátua do Padre Cícero passa a ser um pouco diferente por envolver, além da arquitetura e história, o sentido antropológico pela apropriação do aspecto sagrado, por parte do fiéis. "Podemos constatar um viés histórico mais forte, com apelo simbólico", diz. Por conta desses aspectos, a equipe deverá ser mais ampla.


Em agosto, a equipe do Iphan esteve no Cariri durante o Balaio do Patrimônio, e na ocasião foi debatido o registro do pau da bandeira da Festa de Santo Antônio, de Barbalha. O superintendente ressalta a relação desse trabalho com o levantamento dos locais sagrados de Juazeiro do Norte, que será intensificado após o encaminhamento, em novembro, do registro documental do mastro da festa de Santo Antônio para o Iphan.


O registro dos locais sagrados vai fazer parte do inventário nacional de referências culturais. Essa metodologia é feita pelo Iphan, que realiza trabalho de apreciação dos bens imateriais. No caso da festa de Barbalha, o estudo está sendo concluído. O superintendente do Iphan espera um aval positivo do DPI para iniciar os estudos com a equipe, já que, conforme afirma, deve ser um trabalho minucioso, com levantamentos suficientes para não serem contestados pelo Conselho Federal de Cultura, que aprova o registro.


Com essas atividades a serem iniciadas em Juazeiro do Norte, haverá a oportunidade de esclarecimento do que representa o tombamento da estátua e a conscientização do patrimônio material e imaterial da cidade. Para o superintendente, o tombamento representa o reconhecimento do valor cultural, para que seja preservado e usufruído pelas pessoas no futuro.


"Será um bem protegido em nível nacional. O tombamento será um amparo oficial, com possibilidade maior de investimento público para a preservação e proteção desse patrimônio", ressalta. Com isso, o Iphan passa a ser o tutor do bem, sem a intenção de interferir na propriedade, mas com restrições do direito do uso.


Trâmite
O arquiteto do órgão, Francisco Augusto Sales Veloso, afirma que no documento estarão contidos levantamentos históricos, físicos e topográficos e várias visitas técnicas que serão feitas ao local. Todo esse material será recolhido e avaliado, para, depois, a proposta ser analisada e aprovada pelo Conselho.


A imagem se tornou viva na fé do nordestino, um símbolo sagrado do romeiro. Na voz do "Rei do Baião", Luiz Gonzaga, ele aponta o seu olhar e dá mais brilho ao monumento mais conhecido do Nordeste: "Olha lá, no alto do Horto, ele tá vivo, o padre não está morto...". É considerado o terceiro maior monumento em concreto armado do mundo, com 28 metros.


O Horto passou a ser um dos principais pontos de visitação do romeiro nordestino. Tornou mais conhecida a figura mítica do Padre Cícero. O primeiro fato que contribuiu para a fama do "Padim" por todo o Nordeste foi o milagre protagonizado pela beata Maria de Araújo, com o sangramento da hóstia, no ano de 1889. No dia 1º de novembro do ano passado, foram comemorados os 40 anos da estátua. A data também está reservada ao Dia do Romeiro.


Saiba Mais
A estátua do padre Cícero fará 41 anos, no próximo dia 1º primeiro de novembro. O monumento erguido em concreto armado foi idealizado pelo administrador da cidade, a partir do pedido de um beato, que após ter lançado a ideia ao então prefeito de Juazeiro do Norte, Mauro Sampaio, desapareceu. A réplica original da estátua se encontra com o ex-gestor.


Atualmente sob administração dos padres Salesianos, na Serra do Horto, um dos pontos mais altos da Região Metropolitana do Cariri, a estátua do Padre Cícero é um dos locais de maior visitação dos fiéis nordestinos que vem ao Juazeiro renovar a sua fé, tendo como intermediador, o padre considerado santo e padrinho.


O monumento é considerado o terceiro maior feito em concreto armado do mundo, e mede 28 metros a partir da base. Na mistura de fé e superstição, muitos acreditam que passar três vezes embaixo da bengala da estátua traz sorte e bênçãos.


Com o seu cajado na mão direita e o inseparável chapéu na mão esquerda, a estátua do Padre Cícero parece lançar o olhar protetor sobre o Cariri, de um dos pontos mais altos da região. De longe, pode-se ver um ponto branco em meio ao verde da serra.


O primeiro fato que contribuiu para a fama do "Padim" por todo o Nordeste foi o milagre protagonizado pela beata Maria de Araújo, com o sangramento da Hóstia, no ano de 1889.


MAIS INFORMAÇÕES


Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan-CE)
Rua Liberato Barroso, 525, Fortaleza
(85) 3221.6263/322163.60

ELIZÂNGELA SANTOS

REPÓRTER

Comentários

Postagens mais visitadas