CENTRO-SUL Preservação de matas ciliares


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Com o objetivo de reverter essa realidade, a Secretaria de Agricultura e Pecuária do Município está desenvolvendo o Programa de Recomposição da Mata Ciliar.

No ano passado, foi implantado um viveiro de produção de mudas de 20 espécies da mata nativa da caatinga e de um banco de renovação e formação de sementes. Mais de 100 produtores rurais já foram beneficiados.

A Secretaria de Agricultura e Pecuária (Seap) anunciou a ampliação do programa. "Vamos construir um viveiro telado de 400 metros quadrados e uma estufa para aumentar a produção de mudas", disse o secretário de Agricultura, Valdeci Ferreira. "O projeto está dando certo". Ferreira mostrou-se preocupado com a degradação ambiental, em particular, das matas ciliares. "A cada cheia dos rios, a área de destruição aumenta na área, trazendo prejuízo para os proprietários".
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O programa é realizado em parceria com as Secretarias Municipais de Educação e do Meio Ambiente, Sub-Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Jaguaribe, Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), Associações Comunitárias e de Produtores, escolas da rede municipal, Associação dos Fruticultores e a Associação dos Apicultores do Município.

Mobilização
Na última semana de janeiro, foram distribuídas 120 mudas de árvores nativas de espécies variadas. Na ocasião, houve ampla mobilização e reuniões de sensibilização com as comunidades rurais. De acordo com o técnico da Seap, Joaquim Feitosa, a espécie de ipê amarelo e roxo é a mais reproduzida no viveiro. "É o nosso carro chefe, pois é de fácil adaptação".

Além do ipê, no viveiro há em desenvolvimento mudas de aroeira, mulungu, mofumbo, pau branco, sabiá, juazeiro, mutamba, jucá, angico, tamboril, jatobá, braúna, frei-jorge e arapiraca. "A nossa preocupação é com algumas espécies que praticamente desapareceram do sertão, como a braúna, frei-jorge e arapiraca", observou Feitosa. "Fazemos também um trabalho de recuperação dessas plantas".

O projeto, que tem por objetivo a recomposição da mata ciliar e das encostas, evita avanços dos rios e a quebra de barreiras. "A falta de estrutura impede um desenvolvimento maior do programa", reconhece o secretário de Agricultura.

Viveiro de mudas
"Ainda este ano queremos ampliar em dez vezes a área do viveiro de mudas", disse Ferreira. A ideia é que um novo seja implantado em uma área às margens da rodovia CE-060, conhecida Estrada do Algodão, entre Iguatu e Acopiara.

No decorrer da Semana do Município, em janeiro passado, foi feita a distribuição de mudas de dez espécies da mata nativa, beneficiando produtores rurais que têm propriedades no entorno do Rio Jaguaribe. "Essa é um trabalho importante, que deveria acontecer nas duas margens do rio, beneficiando todos os proprietários", disse o agricultor, Pedro de Souza.

A distribuição de mudas da mata nativa também contribui para a conscientização ecológica dos produtores rurais e para a limpeza das margens e leito dos rios. "Inicialmente, identificamos as áreas degradadas e depois vamos promover uma reunião com os proprietários e a comunidade", explicou Feitosa. "Além do plantio das mudas, é feito o serviço de limpeza e recolhimento do lixo em toda a área de trabalho".

MAIS INFORMAÇÕES 
Secretaria de Agricultura e Pecuária de Iguatu, Posto Agrícola
Rua José de Alencar, S/N, Bairro Bugi
Telefone: (88) 3581. 6527

CONSEQUÊNCIAS DA DEGRADAÇÃOAumenta assoreamento no Rio Jaguaribe
A queda de barreiras e o aumento do volume de areia no Rio Jaguaribe são decorrentes da destruição das matas ciliares ao longo das últimas décadas. No Município de Iguatu, as regiões mais atingidas são Penha, Cardoso, Quixoá, Cajazeiras, Itans e Barro Alto. São sítios que estão localizados no entorno do Rio Jaguaribe, numa extensão de seis quilômetros.

A destruição da mata ciliar traz, de imediato, dois problemas: perda das áreas agrícolas, com redução direta da renda familiar e do patrimônio dos proprietários, e o assoreamento do Rio Jaguaribe e do Açude Orós, o segundo maior do Ceará, construído em 1960.

O técnico da Secretaria de Agricultura e Pecuária do Município de Iguatu, Joaquim Feitosa, mostra-se preocupado com o avanço da degradação ambiental. "A cada cheia, a situação se agrava", disse. "Cada Município deve fazer a sua parte, promover mobilizações e plantio de mudas da mata nativa". Feitosa defende que o replantio de mudas nas áreas ciliares e a recuperação de encostas devem ser feitos pelos Municípios, em parceria com outras instituições públicas, privadas e com o apoio do Governo do Estado. "A iniciativa deve ser da Prefeitura, mas o Município sozinho não tem condições de fazer todo o trabalho", frisou.

O produtor Francisco Elmer Alcântara, conhecido por Doda do Maracujá, conta que na última década já perdeu quatro hectares de terra, na localidade de Cardoso II. "A cada ano a gente perde um pedaço", disse. Em 2008, ele perdeu um plantio de maracujá que estava dando bons frutos e boa renda.

"O rio avançou muito e destruiu o pomar", contou. "Nesta região, todos os produtores tiveram prejuízo".

Terreno perdido
José Pereira nasceu e criou-se em propriedades nas margens do Rio Jaguaribe e lembra que, no passado, o leito ficava bem distante. "Desde a cheia de 1974 para cá não parou mais de avançar", disse. Igualmente a outros proprietários, ele já perdeu quase a metade do terreno. "O prejuízo é enorme".

O produtor Eliseu Palácio, em Barro Alto, hoje observa o poço que antes estava em terras produtivas, quase destruído no leito do Rio Jaguaribe, e a casa de motores prestes a ruir próximo à barreira. "Esse rio passava longe, mas agora está aqui dentro das nossas terras", disse. O agricultor Ribamar Oliveira também vem perdendo área de plantio, destruída pelo avanço do leito do rio e a formação de imensos bancos de areia. Quem caminha pelo leito do Rio Jaguaribe observa com facilidade a destruição das barreiras e a ausência das matas ciliares.

Honório BarbosaRepórter
Reverter o quadro de degradação ambiental em áreas ribeirinhas é a meta das autoridades e produtores em Iguatu
Iguatu Nas duas últimas décadas, este Município, localizado na região Centro-Sul, assistiu à derrubada de matas ciliares, no Rio Jaguaribe e no Rio Trussu, ao corte de vegetação de encostas, desmatamento no campo para ampliar a fronteira agrícola e abertura de novas áreas para criação extensiva de gado bovino. A expansão inadequada do setor agropecuário trouxe consequências negativas para o meio ambiente e para os produtores na região.

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