NOVOS PROJETOS Eólicas: Ceará atrás dos estados do Nordeste


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Apesar de ainda liderar produção desse tipo de energia, Estado assiste a vizinhos avançarem em novas plantas

As últimas notícias do setor eólico em nada fazem lembrar que o Ceará é (pelo menos ainda) o líder em produção da energia dos ventos no Brasil. Apesar de ser o Estado com o maior potencial para este tipo de investimento no País, e pioneiro na atividade no mercado nacional, o território cearense tem sido pouco privilegiado com novos empreendimentos que vão surgindo. Depois do fraco desempenho no último leilão de fontes alternativas e de energia de reserva, o Ceará vê agora os vizinhos avançarem em tecnologia e projetos industriais do setor.

Planta há muito em prospecção pelo Ceará, uma unidade fabril de aerogeradores (o motor das torres eólicas) ainda não foi garantida por aqui. Enquanto isso, a fábrica pernambucana da Impsa, empresa líder latino-americana em energias renováveis, avança e já conta com uma carteira de encomendas de 800 equipamentos até 2012, somando R$ 3 bilhões. Entre estes, está o parque eólico da Companhia Hidroelétrica de São Francisco (Chesf), que será instalado em Casa Nova, na Bahia, e será o maior do Brasil. Para produzir 120 aerogeradores, a unidade de Pernambuco, localizada no Complexo Industrial de Suape, fechou um contrato no valor de R$ 600 milhões.

Bahia a passos largos
Mesmo iniciante na área de eólicas, a Bahia, por sua vez, já anda a passos largos para aumentar sua importância no setor. Saindo na frente do Ceará, a unidade federativa irá inaugurar, em maio, sua primeira fábrica de aerogeradores. Instalada no polo industrial de Camaçari, com investimento inicial de R$ 50 milhões, a unidade é um investimento da empresa espanhola Gamesa, e veio seguindo a esteira dos 34 projetos de parque eólicos que serão implantados no Estado. Mas a primeira encomenda da fábrica virá, na verdade, para o Ceará. Até dezembro, a unidade entregará 21 equipamentos para o Parque Dunas do Paracuru.

Os novos projetos de energia dos ventos na Bahia somam R$ 4 bilhões em investimentos, e têm previsão de gerar três mil empregos. Atualmente, ainda não existe nenhum parque eólico em operação na Bahia, o primeiro, da francesa Alstom, está em fase de instalação também em Camaçari. O governo baiano está de olho na potencialidade da atividade. "Nosso desafio agora é atrair outras empresas da cadeia produtiva, contribuindo para o surgimento de um polo industrial da energia eólica na Bahia", disse o secretário James Correia, em discurso publicado pela assessoria geral de comunicação do governo.

RN avança nas aprovações
Já o vizinho Rio Grande do Norte é o Estado que mais tem avançado na aprovação de novos parques eólicos no País. No último leilão, ocorrido em agosto, os potiguares garantiram 30 projetos, somando 817,4 MW no de energias alternativas e outros nove (com 247,2 MW) no leilão de reserva.

Enquanto isso, o Ceará teve apenas cinco projetos, totalizando 150 MW, aprovados, sendo que nenhum para energia de reserva. O Rio Grande do Norte havia conseguido a liderança no número de novos projetos desde o leilão de 2009, e consolidou essa posição em 2010.

Empecilhos ao desempenho
Entre os motivos para a queda no desempenho do Ceará, de acordo com empresários do setor, estão complicações na hora de garantir as licenças ambientais. Praticamente todos os empreendimentos em operação no Estado enfrentaram questionamentos na Justiça. Mas há fontes que apontam com principal razão a falta de persistência do governo estadual na atração dos empreendimentos. O presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Ricardo Simões, defende o potencial do Ceará para o setor, e aponta a variação dos resultados nos leilões como algo normal. Em relação aos empreendimentos, ele diz que o Ceará não está esquecido. "Tem empreendedor estudando a possibilidade de se instalar no Estado. A Vestas e a Suzlon, por exemplo, estudam seriamente uma planta no Ceará", defende.

Destaque
30 Projetos de novos parques eólicos, totalizando 817 MW de energia, foram garantidos pelo Rio Grande do Norte no último leilão de energias alternativas. O Ceará teve apenas cinco

INVESTIMENTOS
Energia do vento já gira bilhões de reais

O mercado de geração de energia eólica, só agora, começou a engrenar, mas já movimenta bilhões de reais por ano. São novos investimentos, capitaneados, em expressiva parte, por novos executivos, e multinacionais que atuam na construção de fábrica de equipamentos. Toda essa força recebe ainda mais incremento em períodos de seca, quando a água cessa mais nas hidrelétricas, mas os ventos correm com maior força.

Entretanto, tanta aposta dos empresários nesse setor não é à toa. Na dianteira dessa confiança, há a vontade do governo federal em manter a realização de leilões de eólicas regularmente. Um novo certame está previsto para ocorrer no próximo mês de maio, e a expectativa é de que pelo menos mais 2 mil MW sejam contratados. O mercado já está de olho.

Foco no mercado livre
Com a consolidação desses leilões, o segmento de produtores e equipamentos de energia eólica no País está procurando novos nichos de mercado para continuar sua expansão. Um dos objetivos primordiais, agora, é atingir o mercado livre de energia e obter uma parcela dessa classe de consumo. O segmento, atualmente, responde por cerca de 30% da demanda nacional. Em 2010, o volume total foi de 59,8 mil GWh. O primeiro passo a ser dado em busca dessa meta é a discussão da garantia física das usinas, energia que os parques têm capacidade comprovada de entregar.
SÉRGIO DE SOUSAREPÓRTER

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