AMAZÔNIA Desmatamento aumenta 1.000%

Dados divulgados por ONG confirmam alerta do Inpe de que a devastação está se agravando na floresta
Brasília. O desmatamento na Amazônia cresceu 1.000% em dezembro do ano passado em comparação ao mesmo mês do ano anterior. Os dados foram divulgados pela organização não-governamental Imazon ontem, e confirmam o alerta dado pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) de que a devastação está recrudescendo na floresta.



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O município que mais desmatou em dezembro foi Porto Velho, com 39 Km². Segundo Adalberto Veríssimo, pesquisador do Imazon, a causa mais provável são as hidrelétricas do Rio Madeira. Veríssimo diz que dezembro não foi o primeiro mês que a capital de Rondônia apareceu na liderança do desmatamento no último semestre.

"Não tem outra explicação que não sejam Jirau e Santo Antônio. Deveria ser uma área alvo de fiscalização", afirma Veríssimo.

De agosto a janeiro, o sistema de detecção de desmatamento via satélite do Imazon, o SAD, indicou um aumento de 3% no desmatamento (de 836 Km² para 858 Km²). A tendência é parecida com a dos dados divulgados no começo do mês pelo Inpe, cujo sistema Deter viu 10% de aumento no corte da floresta.

É a primeira vez em dois anos e meio que o desmatamento mostra uma tendência de alta. Também em linha com o Inpe, o Imazon afirma que Rondônia e o sul do Amazonas estão entre as áreas mais críticas. Em janeiro, segundo o Imazon, o município que mais desmatou foi Lábrea, no Amazonas, sede de outras duas obras de infraestrutura: as rodovias BR-319 e a Transamazônica, que está sendo pavimentada na região.

Segundo Veríssimo, neste ano a destruição voltou a subir em Mato Grosso, especialmente em municípios agrícolas do médio-norte como Nova Ubiratã e Gaúcha do Norte. O Pará, tradicional campeão de desmatamento, teve queda. "O Ministério Público do Pará tem focado muito na pecuária", diz o pesquisador, o que pode explicar a redução. Em dezembro, Rondônia contribuiu com 43% da área total desmatada na Amazônia Legal. Mato Grosso teve 31% e o Amazonas, 16%. Nos outros estados, o desmatamento foi proporcionalmente menor, ficando o Pará com 5%, o Acre com 4% e Tocantins com 1%. O desmatamento no Pará, no entanto, foi menor possivelmente devido à densa cobertura de nuvens.

O Imazon detectou ainda 541 km² de florestas degradadas (parcialmente destruídas) em dezembro e 376 km² em janeiro. Os números também são maiores em relação a um ano antes. A ONG estima que o carbono emitido pelo desmatamento no período de agosto de 2010 a janeiro de 2011 foi de 13,9 milhões de toneladas.

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