PSICODRAMA NO CARIRI Bonequeiras em documentário
Novamente, as bonequeiras do Crato ganham nova repercussão. Desta vez, em documentário em SP
Crato. Documentário sobre cultura popular das bonequeiras deste Município faz sucesso na Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo. O filme conta a história de um grupo de mulheres do Crato que decidiu incluir nas suas atividades domésticas a confecção de bonecas de panos.
Os encontros aconteceram à sombra de uma mangueira no quintal da casa de uma delas, no Bairro São Miguel. A pesquisa foi feita por Pablo Leite Garcia, que escolheu o tema para monografia de conclusão do Curso de Jornalismo, inspirado na história de sua mãe, Elisete Leite Garcia, uma retirante nordestina que saiu do Crato com 5 anos de idade.
Depois de formada em Psicologia, Elisete retornou à cidade natal para matar a saudade e resgatar uma brincadeira de infância: as bonecas de pano. Ela lembra que os seus pais não tinham condições de comprar brinquedos caros, daí a opção pelas bonecas de pano, uma tradição dos lares pobres da Região Nordeste.
Além de resgatar um sonho de criança, Elisete montou uma oficina para a confecção das bonecas, com a participação de um grupo de mulheres, porque instalaram o seu atelier debaixo de uma mangueira. Agora, o objetivo da psicóloga não era brincar de boneca como antigamente.
Era transformar as bonecas em personagens, instrumentos de trabalho de uma técnica denominada Tatadrama, que tem como norteador o Psicodrama e também em sua essência o conceito de espontaneidade, seguindo de procedimentos das etapas psicodramáticas.
Uma das etapas mais importantes do Tatadrama, segundo a psicóloga, é quando o grupo expressa suas emoções por meio das bonecas de pano, tecendo seus sentimentos. O trabalho artesanal das bonequeiras do pé de manga ganhou o mundo com exposições na Europa e em vários países da América do Sul.
Sensibilizado com a história da mãe, o jornalista Pablo Leite Garcia, formado pela Universidade Anhembi Morumbi, resolveu produzir um documentário sobre as bonequeiras do pé de manga. "Fico muito feliz de ter a oportunidade cursar a Universidade e agora ter os instrumentos técnicos e intelectuais para contar histórias do Brasil e, neste caso, algo afetivo, que remete às raízes de minha família", justificou o jornalista.
As mulheres cratenses já tinham sido temas em diversos jornais do País e também foram as protagonistas de uma matéria na TV Cultura, pelo fato de o trabalho ser um gerador de renda e também de cidadania. Mas foi o documentário de Pablo, que tem a duração de meia hora, que conduziu a arte nordestina para o meio universitário. O documentário já foi tema do programa Repórter Universitário, da Bandnews, no programa Repórter Universitário. Ele agora vai escrever o seu trabalho em festivais de cultura popular.
"Usei técnicas aprendidas na Universidade. Elaboração de pauta, produção, filmagem e edição. Sem completar o curso seria impossível realizar um documentário de um nível profissional", afirma.
Pablo e a também recém formada, Paula Pedroso, ficaram um mês no Crato para filmar as bonequeiras e colher depoimentos de pessoas que contribuíram para a organização do grupo, entre as quais o prefeito do Crato, Samuel Araripe, que concedeu entrevista sobre o trabalho das bonequeiras.
Na permanência no Município, o jornalista conviveu com artistas populares como Irmãos Aniceto, integrantes da mais conhecida banda cabaçal do Cariri. Trocou as danceterias, baladas e agitação de São Paulo pelo forró pé de serra nos terreiros de chão batido do Cariri. Voltou a São Paulo entusiasmado com a hospitalidade caririense. O projeto também tem o apoio do Sebrae, Universidade Regional do Cariri (Urca), Secretaria da Cultura da cidade de Crato e do Projeto Nova Vida.
Sonho realizado
Recém saído da universidade, Pablo já está empregado. É assistente de câmera na famosa Agência Reuters. Mas não quer parar por aí. Já pensa em fazer outro documentário cultural no Nordeste. "Sou grato tanto a Anhembi Morumbi, que me proporcionou uma excelente formação, como à cidade do Crato, onde fui recebido com muito carinho. Tanto que me apaixonei pela cultura nordestina e quero dar continuidade à minha formação acadêmica", conta. Para um jovem de apenas 22 anos, um sonho de olhos bem abertos, como os das bonequeiras do pé de manga.
Projeção
"Ao resgatar uma tradição, as mulheres bonequeiras projetaram o nome do Crato no Brasil e no exterior"
Samuel AraripePrefeito do Crato
MAIS INFORMAÇÕES
Mulheres bonequeiras do Município do Crato (CE) - Região do Cariri - Avenida Perimetral, 235
Telefone: (88) 9970.5137
ANTÔNIO VICELMOREPÓRTER
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