Programas de pontos crescem; saiba como usar e que cuidados tomar
úmero de cadastrados em programas de fidelidade cresce no país.
Especialistas dão dicas de como 'somar' pontos no cartão sem ter prejuízos.
Em um ano, a costureira Elizabeth dos Santos Fernandes, de 59 anos, adquiriu três produtos sem colocar a mão no bolso: uma cafeteira, um ventilador e um chuveiro. Os produtos foram trocados por pontos acumulados no cartão de crédito – que antes Bete, como é conhecida, afirma que deixava expirar sem se dar conta que valiam alguma coisa.
“Faz tempo que eu tenho o cartão, mas por uma época não ligava para aquilo, não [os pontos]. Depois eu fui ver que eles expiravam e percebi que dava para trocar por produtos”, explica. Hoje, Bete monitora os bônus e até deixa acumular por algum tempo para trocar por algo de maior valor. “O ventilador, eu acho que vale uns R$ 60, que é o preço que eu paguei por outros dois que tenho em casa”, revela. O chuveiro ela avalia em cerca de R$ 40.
Assim como Bete, muitos consumidores acumulam pontos no cartão de crédito mas, muitas vezes por desconhecimento, acabam deixando de trocá-los por produtos, descontos ou mesmo por milhas em passagens aéreas – a opção mais comum.
Com cada vez mais adesões, programas de acúmulo de bônus existem nos principais bancos e companhias aéreas do país. Também existem no comércio – como varejistas, farmácias e postos de gasolina. Além disso, redes permitem que pontos existentes em uma empresa sejam convertidos e trocados por produtos em outra. O G1 ouviu instituições financeiras, programas de fidelidade e especialistas para dar dicas e saber como o consumidor pode aproveitar as vantagens.
Informe-se
- Pesquise nas compras do dia a dia onde é possível acumular pontos (ex.: posto de combustível, farmácia, compras online, passagens aéreas, livraria etc.)
- Cadastre-se nos programas (muitas vezes o cadastro é feito pela internet ou por telefone)
1º passo: informe-se sobre os programas
O primeiro passo é buscar informações sobre onde é possível acumular pontos e se cadastrar nos programas, sugere Eduardo Gouveia, presidente da Multiplus, que reúne mais de 190 parceiros.
O cadastro é teoricamente simples. Por exemplo, se o consumidor está na farmácia, ao pagar a compra no caixa, o aconselhável é perguntar se a rede possui um programa de pontos e como deve ser feito esse cadastro – o mesmo vale para o posto de combustível, a companhia aérea etc.
O procedimento deve ser feito também nas compras pela internet, ou seja, deve-se procurar na loja virtual se há um campo para o cadastro ou se a empresa é parceira de alguma rede – se for, é preciso fazer o cadastro na rede.
Às vezes, uma mesma compra pode acumular pontos em dois canais, lembra Gouveia. Por exemplo, os gastos com combustíveis podem acumular pontos no programa do posto de gasolina e, ainda, no cartão de crédito – caso a compra seja paga com ele.
No cartão de crédito, consumidor deve se informar no banco se seu cartão acumula pontos (veja quadro ao final da reportagem) e se cadastrar – em alguns casos, o cadastro é automático e é possível que a pessoa esteja acumulando bônus sem saber.
Economistas, contudo, afirmam que é preciso tomar cuidado com o cadastro no cartão de crédito, porque algumas instituições financeiras oferecem o programa apenas para determinados tipos de cartões que, muitas vezes, possuem anuidade mais cara.
“A conta é a seguinte: o consumidor tem que ver, em média, quanto ele gasta no cartão e quantos pontos isso daria. Depois, ele precisa calcular o que ela poderia comprar com esses pontos [os ‘preços’ são disponíveis nos sites dos programas] e ver se esse beneficio é maior do que o aumento da anuidade ou se é mais barato”, explica Samy Dana, professor de finanças da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas.
Fique de ollho
- Monitore o acúmulo dos pontos nos programas que você se inscreveu (em geral, há um usuário e uma senha dos programas na internet)
- Busque fazer as compras sempre nas mesmas empresas - desde que os preços sejam iguais ou mais baratos
- Cadastre-se em redes comuns entre as empresas, que permitem 'converter' bônus entre as participantes
2º passo: monitore os pontos
O segundo passo é monitorar o acúmulo desses pontos. Cada empresa possui seu programa individual – muitas vezes o acompanhamento é feito pela internet ou por telefone.
“A maioria das pessoas não usa [os pontos] porque nem sabe que tem. Se você perguntar, elas poucos sabem em quantos programas são associadas (...). De nada adianta se cadastrar se você não sabe quando os pontos expiram nem quantos você tem”, diz Dana.
Dessa forma, o interessado em "tirar vantagem" de algum desses programas precisa ficar em cima, uma vez que a pontuação costuma expirar dentro de 24 a 36 meses. Fazer o cadastro nas redes que "convertem" os pontos de várias empresas também é uma opção (como Multiplus e Dotz), tendo em vista que os pontos da livraria, por exemplo, podem acumular com os da farmácia e, juntos, somarem mais para a troca por uma passagem aérea, por exemplo.
Na Multiplus, por exemplo, os produtos das empresas parceiras podem ser trocados no próprio site, que já aponta quanto "custa", em bônus, os produtos. Nesse caso, o consumidor precisa fazer o cadastro tanto no site da rede como nas empresas participantes – e não esquecer de pedir os pontos nas compras – que vão acumulando no sistema automaticamente conforme as compras vão sendo feitas.
Resgate os pontos
- Busque informaçõescomo é feita a troca (na maioria das vezes, ocorre pela internet ou por telefone)
- Fique atento: muitos cartões de crédito, por exemplo, têm parceria com cias aéreas, mas os pontos precisam ser transferidos de uma empresa para a outra
- Não deixe a troca para a última hora (em voos, por exemplo, menos poltronas estão disponíveis e pode não ser possível resgatar)
- Não há um padrão entre os bônus das empresas e das redes (às vezes, 5 pontos de uma empresa pode se transformar em 1 ponto dentro da rede)
3º passo: faça os resgates
É preciso entender como funciona a troca. Muitos cartões de crédito, por exemplo, têm parceria com companhias aéreas, mas os pontos precisam ser transferidos de uma empresa para a outra (a transferência, geralmente, pode ser feita pela internet, mas às vezes é necessário entrar em contato por telefone).
A troca por passagens aéreas – uma das mais populares – também precisa ser bem planejada. Isso porque, muitas vezes, os assentos das companhias lotam com antecedência e em cima da hora pode ficar mais difícil encontrar vagas ou ficar mais caro.
Na TAM, por exemplo, o consumidor pode resgatar os pontos a partir de 3 e 6 meses de antecedência, mas a companhia aérea adverte que a troca depende da disponibilidade de assentos – quanto mais perto da data do voo, menos poltronas estão disponíveis e o passageiro pode não conseguir resgatar – situação que ocorre também nas demais companhias.
No caso da Azul, por exemplo, a empresa também diz que em cima da hora podem não existir assentos ou os preços estarão mais elevados, o que reflete também no resgate dos pontos (que, no caso, são trocados por vales de R$ 50 – veja ao final da reportagem). Na Gol, a empresa informa que é possível resgatar as milhas para usar em bilhetes de viagem nacionais até 90 minutos antes do voo – mas também depende da disponibilidade de vagas.
Conversão e validade
Na hora de converter os pontos de programas individuais de empresas para os das redes, o consumidor precisa estar ciente que não há um padrão entre os bônus. Por exemplo, na Livraria Cultura, parceira da Multiplus, cada R$ 1,00 em compras equivale a 4 pontos do programa interno, chamado ‘+cultura’. Porém, são precisos 5 pontos ‘+cultura’ para transformá-los em apenas um 1 ponto Multiplus. “A pontuação depende do desenho de cada empresa, realmente não tem padrão”, diz Gouveia.
O professor de finanças Silvio Paixão, da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), sugere ainda que o processo de troca de pontos por produtos deve ser calculado com atenção pelo consumidor. “Sugiro prestar atenção nos preços”, diz. Ele dá a dica: se uma batedeira, por exemplo, "custa" 10.000 pontos, o consumidor deve calcular quanto é uma batedeira no "mercado convencional" e comparar, por exemplo, se a troca por outro produto não é mais vantajosa.
Precauções
- Não fique 'neurótico' pelos pontos; as empresas sempre estimulam o consumo, muitas vezes desnecessário
- Dê preferência às lojas onde há o acúmulo de pontos se o preço for o mesmo ou mais barato do que na concorrência (a vantagem do ponto não é tanta para pagar mais caro)
- Pague tudo o que for possível acumular pontos no cartão de crédito cadastrado (dentro do limite e sem entrar no rotativo, pagando as contas em dia)
- As compras no cartão devem ser aquelas que de qualquer jeito seriam feiras, muitas vezes no débito ou à vista (não devem aumentar apenas para somar pontos)
Cuidados e dicas
Apesar de parecer bastante atraente, economistas revelam que é preciso ter bastante cuidado com os programas e orientam que o consumidor não pode ficar "refém" das campanhas. Isso porque, em geral, há estímulo para o consumo.
“Nem sempre é vantagem. Às vezes a pessoa está pagando mais caro no posto que acumula pontos, mas provavelmente o que ela paga mais caro não compensa o valor do bônus”, explica Dana, da FGV. “Use somente quando não estiver pagando mais caro para isso”, diz Dana.
Na prática, a dica dos economistas é simples: usar o cartão apenas quando ele já seria usado, e conscientemente, sem aumentar o consumo de forma a procurar acumular mais pontos. É recomendável, contudo, avaliar o que é vantagem. Se uma compra seria feita de qualquer jeito, vale pagar no cartão de crédito (que acumula pontos) em vez do débito (onde não há acúmulo), por exemplo – desde que o consumidor não esteja endividado no cartão.
Dana também orienta que os consumidores procurem fazer as compras nas empresas que acumulam os pontos ou participam da mesma rede, de forma a juntar mais bônus – a dica vale, contudo, desde que o preço seja o mesmo ou mais barato do que na concorrência. “Normalmente, a vantagem do ponto é irrisória, em caso de o preço estar mais caro, não vale a pena”, avalia.
"Se a pessoa usar o cartão de maneira prudente e conseguir tirar vantagem sem custo adicional, os benefícios compensam. Mas a pessoa precisa realmente parar, analisar e chegar à conclusão", diz o economista Paixão. Com base nisso, a dica dele é: pagar tudo o que for possível no cartão de crédito para acumular pontos (sabendo que é para usar dentro do limite e sem entrar no rotativo, pagando as contas em dia). "É preciso prestar atenção se aquilo que se consumiu era necessário. As pessoas compram muito por impulso, e às vezes não precisam", alerta.
Crescimento
As empresas informam crescimento no número de participantes dos programas, o que aponta que o brasileiro usufrui cada vez mais dos bônus.
Na Gol, a média de novas adesões em 2011 no programa Smiles foi de 60 mil, crescimento de 10% sobre 2010. De acordo com a companhia aérea, são 8,5 milhões de clientes cadastrados.
A Multiplus Fidelidade também aponta crescimento. A rede fechou o primeiro trimestre com 9,8 milhões de participantes, crescimento de 18,5% sobre o mesmo período do ano passado e de 4,3% sobre o trimestre anterior. No primeiro trimestre deste ano, o faturamento da Multiplus cresceu 26,7%, a R$ 430,8 milhões. Em todo o ano de 2011, a empresa cresceu 165%, com faturamento de R$ 1,4 bilhão.
A Dotz, outra empresa especializada na área de programas de fidelização de clientes, existe desde 2009. De la para cá, a empresa aumentou de R$ 20 milhões para R$ 200 milhões seu faturamento. Atualmente, são 2,38 milhões de clientes em todo o Brasil.
A TAM diz ter atualmente 8,9 milhões de associados no TAM Fidelidade. Desde que foi lançado, em 1993, programa já distribuiu mais de 18 milhões de bilhetes por meio de resgate de pontos. “Nos últimos dois anos emitimos aproximadamente a mesma quantidade de bilhetes prêmios que haviam sido emitidas nos primeiros 16 anos de programa”, diz a empresa.
Na azul, o programa existe desde 2009. O número de cadastrados mais do que dobrou até 2011, de 755 mil para 1,85 milhão ao fim do ano passado.
Especialistas dão dicas de como 'somar' pontos no cartão sem ter prejuízos.
Em um ano, a costureira Elizabeth dos Santos Fernandes, de 59 anos, adquiriu três produtos sem colocar a mão no bolso: uma cafeteira, um ventilador e um chuveiro. Os produtos foram trocados por pontos acumulados no cartão de crédito – que antes Bete, como é conhecida, afirma que deixava expirar sem se dar conta que valiam alguma coisa.
“Faz tempo que eu tenho o cartão, mas por uma época não ligava para aquilo, não [os pontos]. Depois eu fui ver que eles expiravam e percebi que dava para trocar por produtos”, explica. Hoje, Bete monitora os bônus e até deixa acumular por algum tempo para trocar por algo de maior valor. “O ventilador, eu acho que vale uns R$ 60, que é o preço que eu paguei por outros dois que tenho em casa”, revela. O chuveiro ela avalia em cerca de R$ 40.
Assim como Bete, muitos consumidores acumulam pontos no cartão de crédito mas, muitas vezes por desconhecimento, acabam deixando de trocá-los por produtos, descontos ou mesmo por milhas em passagens aéreas – a opção mais comum.
Com cada vez mais adesões, programas de acúmulo de bônus existem nos principais bancos e companhias aéreas do país. Também existem no comércio – como varejistas, farmácias e postos de gasolina. Além disso, redes permitem que pontos existentes em uma empresa sejam convertidos e trocados por produtos em outra. O G1 ouviu instituições financeiras, programas de fidelidade e especialistas para dar dicas e saber como o consumidor pode aproveitar as vantagens.
Informe-se
- Pesquise nas compras do dia a dia onde é possível acumular pontos (ex.: posto de combustível, farmácia, compras online, passagens aéreas, livraria etc.)
- Cadastre-se nos programas (muitas vezes o cadastro é feito pela internet ou por telefone)
1º passo: informe-se sobre os programas
O primeiro passo é buscar informações sobre onde é possível acumular pontos e se cadastrar nos programas, sugere Eduardo Gouveia, presidente da Multiplus, que reúne mais de 190 parceiros.
O cadastro é teoricamente simples. Por exemplo, se o consumidor está na farmácia, ao pagar a compra no caixa, o aconselhável é perguntar se a rede possui um programa de pontos e como deve ser feito esse cadastro – o mesmo vale para o posto de combustível, a companhia aérea etc.
O procedimento deve ser feito também nas compras pela internet, ou seja, deve-se procurar na loja virtual se há um campo para o cadastro ou se a empresa é parceira de alguma rede – se for, é preciso fazer o cadastro na rede.
Às vezes, uma mesma compra pode acumular pontos em dois canais, lembra Gouveia. Por exemplo, os gastos com combustíveis podem acumular pontos no programa do posto de gasolina e, ainda, no cartão de crédito – caso a compra seja paga com ele.
No cartão de crédito, consumidor deve se informar no banco se seu cartão acumula pontos (veja quadro ao final da reportagem) e se cadastrar – em alguns casos, o cadastro é automático e é possível que a pessoa esteja acumulando bônus sem saber.
Quanto vale | ||||
---|---|---|---|---|
Programa | Produto | Pontos | Quanto é preciso gastar no cartão que menos acumula pontos* | Quanto é preciso gastar no cartão que mais acumula pontos* |
Cartão de crédito
Bradesco |
1.900
|
R$ 3.648
|
R$ 1.485
| |
Cartão de crédito
Itaú |
9.900
|
R$ 11.352
|
R$ 8.514
| |
138.552
|
R$ 831.312
|
R$ 152.011
| ||
Multiplus (cálculo de
pontos na parceria com a Caixa) |
10.000
|
R$ 19.200
|
R$ 8.727
| |
**Dólar a R$ 1,92 |
Economistas, contudo, afirmam que é preciso tomar cuidado com o cadastro no cartão de crédito, porque algumas instituições financeiras oferecem o programa apenas para determinados tipos de cartões que, muitas vezes, possuem anuidade mais cara.
“A conta é a seguinte: o consumidor tem que ver, em média, quanto ele gasta no cartão e quantos pontos isso daria. Depois, ele precisa calcular o que ela poderia comprar com esses pontos [os ‘preços’ são disponíveis nos sites dos programas] e ver se esse beneficio é maior do que o aumento da anuidade ou se é mais barato”, explica Samy Dana, professor de finanças da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas.
Fique de ollho
- Monitore o acúmulo dos pontos nos programas que você se inscreveu (em geral, há um usuário e uma senha dos programas na internet)
- Busque fazer as compras sempre nas mesmas empresas - desde que os preços sejam iguais ou mais baratos
- Cadastre-se em redes comuns entre as empresas, que permitem 'converter' bônus entre as participantes
2º passo: monitore os pontos
O segundo passo é monitorar o acúmulo desses pontos. Cada empresa possui seu programa individual – muitas vezes o acompanhamento é feito pela internet ou por telefone.
“A maioria das pessoas não usa [os pontos] porque nem sabe que tem. Se você perguntar, elas poucos sabem em quantos programas são associadas (...). De nada adianta se cadastrar se você não sabe quando os pontos expiram nem quantos você tem”, diz Dana.
Dessa forma, o interessado em "tirar vantagem" de algum desses programas precisa ficar em cima, uma vez que a pontuação costuma expirar dentro de 24 a 36 meses. Fazer o cadastro nas redes que "convertem" os pontos de várias empresas também é uma opção (como Multiplus e Dotz), tendo em vista que os pontos da livraria, por exemplo, podem acumular com os da farmácia e, juntos, somarem mais para a troca por uma passagem aérea, por exemplo.
Na Multiplus, por exemplo, os produtos das empresas parceiras podem ser trocados no próprio site, que já aponta quanto "custa", em bônus, os produtos. Nesse caso, o consumidor precisa fazer o cadastro tanto no site da rede como nas empresas participantes – e não esquecer de pedir os pontos nas compras – que vão acumulando no sistema automaticamente conforme as compras vão sendo feitas.
Resgate os pontos
- Busque informaçõescomo é feita a troca (na maioria das vezes, ocorre pela internet ou por telefone)
- Fique atento: muitos cartões de crédito, por exemplo, têm parceria com cias aéreas, mas os pontos precisam ser transferidos de uma empresa para a outra
- Não deixe a troca para a última hora (em voos, por exemplo, menos poltronas estão disponíveis e pode não ser possível resgatar)
- Não há um padrão entre os bônus das empresas e das redes (às vezes, 5 pontos de uma empresa pode se transformar em 1 ponto dentro da rede)
3º passo: faça os resgates
É preciso entender como funciona a troca. Muitos cartões de crédito, por exemplo, têm parceria com companhias aéreas, mas os pontos precisam ser transferidos de uma empresa para a outra (a transferência, geralmente, pode ser feita pela internet, mas às vezes é necessário entrar em contato por telefone).
A troca por passagens aéreas – uma das mais populares – também precisa ser bem planejada. Isso porque, muitas vezes, os assentos das companhias lotam com antecedência e em cima da hora pode ficar mais difícil encontrar vagas ou ficar mais caro.
Na TAM, por exemplo, o consumidor pode resgatar os pontos a partir de 3 e 6 meses de antecedência, mas a companhia aérea adverte que a troca depende da disponibilidade de assentos – quanto mais perto da data do voo, menos poltronas estão disponíveis e o passageiro pode não conseguir resgatar – situação que ocorre também nas demais companhias.
No caso da Azul, por exemplo, a empresa também diz que em cima da hora podem não existir assentos ou os preços estarão mais elevados, o que reflete também no resgate dos pontos (que, no caso, são trocados por vales de R$ 50 – veja ao final da reportagem). Na Gol, a empresa informa que é possível resgatar as milhas para usar em bilhetes de viagem nacionais até 90 minutos antes do voo – mas também depende da disponibilidade de vagas.
Conversão e validade
Na hora de converter os pontos de programas individuais de empresas para os das redes, o consumidor precisa estar ciente que não há um padrão entre os bônus. Por exemplo, na Livraria Cultura, parceira da Multiplus, cada R$ 1,00 em compras equivale a 4 pontos do programa interno, chamado ‘+cultura’. Porém, são precisos 5 pontos ‘+cultura’ para transformá-los em apenas um 1 ponto Multiplus. “A pontuação depende do desenho de cada empresa, realmente não tem padrão”, diz Gouveia.
O professor de finanças Silvio Paixão, da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), sugere ainda que o processo de troca de pontos por produtos deve ser calculado com atenção pelo consumidor. “Sugiro prestar atenção nos preços”, diz. Ele dá a dica: se uma batedeira, por exemplo, "custa" 10.000 pontos, o consumidor deve calcular quanto é uma batedeira no "mercado convencional" e comparar, por exemplo, se a troca por outro produto não é mais vantajosa.
Precauções
- Não fique 'neurótico' pelos pontos; as empresas sempre estimulam o consumo, muitas vezes desnecessário
- Dê preferência às lojas onde há o acúmulo de pontos se o preço for o mesmo ou mais barato do que na concorrência (a vantagem do ponto não é tanta para pagar mais caro)
- Pague tudo o que for possível acumular pontos no cartão de crédito cadastrado (dentro do limite e sem entrar no rotativo, pagando as contas em dia)
- As compras no cartão devem ser aquelas que de qualquer jeito seriam feiras, muitas vezes no débito ou à vista (não devem aumentar apenas para somar pontos)
Cuidados e dicas
Apesar de parecer bastante atraente, economistas revelam que é preciso ter bastante cuidado com os programas e orientam que o consumidor não pode ficar "refém" das campanhas. Isso porque, em geral, há estímulo para o consumo.
“Nem sempre é vantagem. Às vezes a pessoa está pagando mais caro no posto que acumula pontos, mas provavelmente o que ela paga mais caro não compensa o valor do bônus”, explica Dana, da FGV. “Use somente quando não estiver pagando mais caro para isso”, diz Dana.
Na prática, a dica dos economistas é simples: usar o cartão apenas quando ele já seria usado, e conscientemente, sem aumentar o consumo de forma a procurar acumular mais pontos. É recomendável, contudo, avaliar o que é vantagem. Se uma compra seria feita de qualquer jeito, vale pagar no cartão de crédito (que acumula pontos) em vez do débito (onde não há acúmulo), por exemplo – desde que o consumidor não esteja endividado no cartão.
Dana também orienta que os consumidores procurem fazer as compras nas empresas que acumulam os pontos ou participam da mesma rede, de forma a juntar mais bônus – a dica vale, contudo, desde que o preço seja o mesmo ou mais barato do que na concorrência. “Normalmente, a vantagem do ponto é irrisória, em caso de o preço estar mais caro, não vale a pena”, avalia.
"Se a pessoa usar o cartão de maneira prudente e conseguir tirar vantagem sem custo adicional, os benefícios compensam. Mas a pessoa precisa realmente parar, analisar e chegar à conclusão", diz o economista Paixão. Com base nisso, a dica dele é: pagar tudo o que for possível no cartão de crédito para acumular pontos (sabendo que é para usar dentro do limite e sem entrar no rotativo, pagando as contas em dia). "É preciso prestar atenção se aquilo que se consumiu era necessário. As pessoas compram muito por impulso, e às vezes não precisam", alerta.
A costureira Bete, por exemplo, segue sem saber o conselho: ela afirma que não aumentou o consumo mensal nem passou a ficar "neurótica" pelos pontos acumulados no cartão. “Eu uso normal. De vez em quando eu vou lá e dou uma olhadinha para ver o que dá para trocar”, revela.
Acúmulo de pontos nos principais bancos do país | ||||
---|---|---|---|---|
Banco
|
Cartão
|
Anuidade
|
Renda mensal mínima
|
Pontos
|
Banco do Brasil
| Doméstico (vale também no débito) | R$ 69,96 | Correntistas: cálculo é feito na agência. Não correntistas: 1 salário mínimo | No crédito e para pagamento de contas, cada R$ 3 = 1 ponto. No débito, cada R$ 3 = 0,5 ponto. Validade é de 24 meses |
International (vale também no débito) | R$ 115,98 | Correntistas: cálculo é feito na agência. Não correntistas: R$ 800 | No crédito e para pagamento de contas, cada US$ 1 (ou equivalente em real) = 1 ponto. No débito, cada cada US$ 1 = 0,5 ponto. Validade é de 24 meses | |
Gold (vale também no débito) | R$ 192 | Correntistas: cálculo é feito na agência. Não correntistas: R$ 2.000 | No crédito e para pagamento de contas, cada US$ 1 (ou equivalente em real) = 1 ponto, para gastos até R$ 2 mil (acima, no crédito, cada US$ 1 = 1,2 ponto). No débito, cada cada US$ 1 = 0,5 ponto. Validade é de 24 meses | |
Platinum (vale também no débito) | R$ 297,96 | Correntistas: cálculo é feito na agência. Não correntistas: R$ 7.000 | No crédito e para pagamento de contas, cada US$ 1 (ou equivalente em real) = 1,2 ponto, para gastos até R$ 2,5 mil (até R$ 5 mil, no crédito, cada US$ 1 = 1,5 ponto; acima, cada US$ 1 = 1,75 ponto). No débito, cada cada US$ 1 = 0,5 ponto. Validade é de 36 meses | |
Bradesco
| Visa Infinite e MasterCard Black | R$ 476 (1º ano) e R$ 680 (demais anos) | R$ 20.000 | Cada US$ 1 (ou equivalente em real) = 2,2 pontos, com validade de 36 meses |
Platinum Prime | Isento (1º ano) e R$ 348 (demais anos) | R$ 6.000 | Cada US$ 1 (ou equivalente em real) = 1,5 ponto, com validade de 36 meses | |
Gold Prime | R$ 110 (1º ano) e R$ 220 (demais anos) | R$ 2.000 | Cada US$ 1 (ou equivalente em real) = 1,2 ponto, com validade de 36 meses | |
Platinum Convencional | Isento (1ª) e R$ 348 (demais anos) | R$ 6.000 | Cada US$ 1 (ou equivalente em real) = 1,2 ponto, com validade de 36 meses | |
Gold | R$ 110 (1º ano) e R$ 220 (demais anos) | R$ 2.000 | Cada US$ 1 (ou equivalente em real) = 1 ponto, com validade de 36 meses | |
Gold Exclusive | R$ 95 (1º ano) e R$ 220 (demais anos) | R$ 2.000 | Cada US$ 1 (ou equivalente em real) = 1 ponto, com validade de 36 meses | |
Caixa
| Internacional | R$ 52,50 (1º ano) e R$ 105 (demais anos) | R$ 1.500,01 | Cada US$ 1 (ou equivalente em real) = 1 ponto, com validade de 24 meses |
Gold | R$ 80 (1º ano) e R$ 160 (demais anos) | R$ 2.500,01 | Cada US$ 1 (ou equivalente em real) = 1 ponto, com validade de 24 meses | |
Platinum | R$ 307 | R$ 6.000,01 | Cada US$ 1 (ou equivalente em real) = 1,5 ponto, com validade de 24 meses | |
Infinite e Black | R$ 495 | R$ 15.000 | Cada US$ 1 (ou equivalente em real) = 2,2 pontos, com validade de 24 meses | |
HSBC
| Platinum | Isento (1ºano) e R$ 340 (demais anos) | R$ 5.000 | Cada US$ 1 (ou equivalente em real) = 1,5 ponto, com validade de 24 meses |
Premier | Isento (1º ano) e R$ 350 (demais anos) | R$ 7.000 | Cada US$ 1 (ou equivalente em real) = 1,5 ponto, com validade de 24 meses | |
Open Card, SuperClass, Gold, AutoGold, Advance | Isento (1º ano, exceto Gold, AutoGold) e de R$ 130 a R$ 160 (demais anos) | De R$ 490 a R$ 2.500 | Cada US$ 1 (ou equivalente em real) = 1 ponto, com validade de 24 meses | |
Style Platinum | R$ 126 (1º ano) e R$ 252 (demais anos) | R$ 4.000 | Cada US$ 1 (ou equivalente em real) = 1,3 ponto, com validade de 36 meses | |
Elite Platinum | R$ 180 (1º ano) e R$ 360 (demais anos) | R$ 8.000 | Cada US$ 1 (ou equivalente em real) = 1,5 ponto - bônus não expiram nunca | |
Unlimited Black | R$ 660 (1º e demais anos) | R$ 25.000 | Cada US$ 1 (ou equivalente em real) = 2 pontos - bônus não expiram nunca | |
Itaucard Nacional | R$ 108 | R$ 800 | Cada R$ 1 = 1 ponto, com validade de 24 meses | |
Itaú Uniclass Internacional, Itaucard Internacional, Itaucard Gold, Itaú Uniclass Gold | De R$ 108 a R$ 222 | R$ 1.000 a R$ 2.500 | Cada US$ 1(ou equivalente em real) = 1 ponto, com validade de 24 meses | |
Itaucard Platinum, com conversão simples | R$ 300 | R$ 4.000 | Cada US$ 1 (ou equivalente em reais) = 1 ponto, com validade de 36 meses | |
Itaú Uniclass Platinum, Itaucard Platinum com conversão especial, Personnalité Platinum | R$ 300 | R$ 4.000 | Cada US$ 1 (ou o equivalente em real) = 1,5 ponto, com validade de 36 meses | |
Itaucard Black ou Infinite | R$ 690 | Apenas clientes do segmento Private | Cada US$ 1 (ou equivalente em real) = 2 pontos - bônus não expiram nunca | |
Personnalité Black ou Infinite | R$ 690 | Condições individualizadas | Cada US$ 1 (ou equivalente em real) = 2 pontos - bônus não expiram nunca |
Crescimento
As empresas informam crescimento no número de participantes dos programas, o que aponta que o brasileiro usufrui cada vez mais dos bônus.
Na Gol, a média de novas adesões em 2011 no programa Smiles foi de 60 mil, crescimento de 10% sobre 2010. De acordo com a companhia aérea, são 8,5 milhões de clientes cadastrados.
A Multiplus Fidelidade também aponta crescimento. A rede fechou o primeiro trimestre com 9,8 milhões de participantes, crescimento de 18,5% sobre o mesmo período do ano passado e de 4,3% sobre o trimestre anterior. No primeiro trimestre deste ano, o faturamento da Multiplus cresceu 26,7%, a R$ 430,8 milhões. Em todo o ano de 2011, a empresa cresceu 165%, com faturamento de R$ 1,4 bilhão.
A Dotz, outra empresa especializada na área de programas de fidelização de clientes, existe desde 2009. De la para cá, a empresa aumentou de R$ 20 milhões para R$ 200 milhões seu faturamento. Atualmente, são 2,38 milhões de clientes em todo o Brasil.
A TAM diz ter atualmente 8,9 milhões de associados no TAM Fidelidade. Desde que foi lançado, em 1993, programa já distribuiu mais de 18 milhões de bilhetes por meio de resgate de pontos. “Nos últimos dois anos emitimos aproximadamente a mesma quantidade de bilhetes prêmios que haviam sido emitidas nos primeiros 16 anos de programa”, diz a empresa.
Na azul, o programa existe desde 2009. O número de cadastrados mais do que dobrou até 2011, de 755 mil para 1,85 milhão ao fim do ano passado.
Programas de pontos das principais companhias aéreas do pais
| |
---|---|
Cias aéreas
|
Como funciona
|
TAM
| Há uma pontuação fixa de acordo com cada região e que depende do trecho e a classe de assento escolhidos. Também podem variar de acordo com o perfil de tarifa ou classe tarifária. Uma viagem na classe econômica para a América do Sul, por exemplo, rende 1 mil pontos. Uma viagem de primeira classe para a Ásia Ocidental, 18 mil pontos (dependendo da categoria, é possível ainda acumular pontos bônus). |
GOL
| A troca é feita por meio de milhas, o que varia de acordo com a tarifa da passagem adquirida. Voos na tarifa programada, por exemplo, trechos com menos de 1.000 milhas, acumulam um total de 1.000 milhas. Aqueles com mais de 1.000 milhas acumulam a quantidade total de milhas voadas – mas há restrições, por exemplo, nos casos de tarifas promocionais, o acúmulo é de 30%, ou seja, um mínimo de 300 milhas. Clientes Smiles das categorias premium (prata, ouro ou diamante) ganham ainda um bônus sobre o total, que pode chegar a 100%. |
Azul
| O passageiro acumula 5% da tarifa paga em forma de créditos (exemplo: se viajou em tarifa de R$ 240, acumula 12 créditos). Ele também pode acumular créditos com parcerias do programa. Toda vez que chega a 50 créditos, o passageiro recebe um recibo de R$ 50, valor que pode ser descontado na compra da próxima passagem. É possível juntar os recibos para obter desconto maior ou trocar por uma passagem |
.
Comentários
Postar um comentário