CRISE NO JAPÃO OMS alerta sobre séria radiação nos alimentos
Governo japonês ordena a suspensão da venda de leite e espinafre em quatro prefeituras próximas a Fukushima
Tóquio. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou, ontem, que a contaminação por radiação nos alimentos no Japão é mais séria do que anteriormente imaginado. A instituição pediu para o governo agir rapidamente e proibir a venda de alimentos caso eles estejam contaminados com níveis excessivos de radiação.
O governo japonês já identificou níveis maiores de radiação do que o normal em espinafre e leite na região próxima à usina nuclear de Fukushima Daiichi, que sofre vazamento após danos causados pelo terremoto do último dia 11. Há preocupação crescente de que partículas radioativas já liberadas na atmosfera tenham contaminado fontes de alimento e água.
"Está claro que a situação é séria. É muito mais sério do que qualquer um pensava nos primeiros dias, quando achávamos que este tipo de problema pode estar limitado a 20 ou 30 quilômetros. É seguro supor que uma parcela de produtos contaminados tenha saído da zona de contaminação", afirmou o porta-voz do escritório regional do Pacífico Oriental da OMS, Peter Cordingley.
Ele disse, entretanto, não haver evidência de que alimentos contaminados oriundos de Fukushima tenham chegado a outros países.
O governo japonês ordenou, ontem, a suspensão da venda de leite e espinafre em quatro prefeituras próximas à usina nuclear. Segundo o secretário de Gabinete japonês, Yukio Edano, a medida é válida para as prefeituras de Fukushima, Ibaraki, Tochigi e Gunma.
O governo japonês já alertara no fim de semana que havia encontrado níveis acima do normal de radiação por iodo em leite e espinafre a até 120 Km da usina, mas garantiu que os alimentos não chegaram ao mercado. O Ministério de Saúde do Japão já havia pedido aos moradores próximos da usina nuclear que não bebessem água de torneira, contaminada com altos níveis de iodo radioativo.
Não há ainda relatos de comida contaminada na capital Tóquio, com cerca de 13 milhões de moradores. Autoridades, contudo, identificaram níveis acima do normal de radioatividade em um crisântemo.
Saúde
Segundo outro porta-voz da OMS, Gregory Hartl, a radiação na comida pode se acumular no corpo e representar um risco maior à saúde do que partículas radioativas no ar, que se dispersam após alguns dias.
O Japão é um importador de comida e não tem exportações significativas - a maioria frutas, vegetais, laticínios e frutos do mar e peixes. Seus maiores mercados são Hong Kong, China e Estados Unidos. No último domingo, autoridades em Taiwan encontraram radiação em uma carga de vagens importada do país, mas dentro dos limites de segurança alimentar e não oferecia riscos à saúde.
FALTA DE MANUTENÇÃOOperadora mentiu em relatório nuclear
Tóquio. Dez dias antes do terremoto e subsequente tsunami que provocaram o acidente na central nuclear de Fukushima, a companhia Tokyo Electric Power (Tepco), operadora da usina, admitiu que havia mentido nos relatórios de controle de suas instalações.
A Tepco entregou às autoridades japonesas um documento no qual confessava ter manipulado os dados de controle de manutenção. A empresa afirmou que havia inspecionado cerca de 30 peças que, na verdade, não foram checadas.
A operadora confessou que, em 11 anos, não inspecionou a peça que alimenta uma válvula de controle da temperatura do reator, apesar dos técnicos, que se contentaram em fazer apenas controles rotineiros, garantirem o contrário.
Outras peças, cujo controle não é necessariamente obrigatório, tampouco foram submetidas a uma inspeção, sobretudo as partes ligadas ao sistema de resfriamento e ao fornecimento elétrico de emergência. As autoridades solicitaram o relatório à Tepco justamente para saber se o procedimento padrão de segurança estava sendo respeitado.
"O plano de controle das instalações e a gestão da manutenção eram inapropriados", concluiu a Agência de Segurança Nuclear, que assegurou que "a qualidade das inspeções era insuficiente".
Antes da catástrofe, a agência reguladora do setor havia alertado a Tepco, exigindo uma mudança de comportamento e a aplicação de um novo plano de manutenção antes do dia 2 de junho.
Os operadores dos reatores não são obrigados a cobrir os danos que um acidente nuclear pode ocasionar nas próprias instalações. Em troca, a lei os obriga a assinar um seguro para os danos que um acidente pode causar a terceiros.
Para qualquer instalação nuclear, a lei japonesa fixa um teto de indenização de 120 bilhões de ienes (1,040 bilhão de euros). Mas as seguradoras excluem da cobertura as catástrofes naturais maiores, como um terremoto ou um tsunami.
Recuperação
A reconstrução do Japão pode levar até cinco anos, ante um prejuízo que pode chegar a US$ 235 bilhões (R$ 392 bilhões), informou um relatório do Banco Mundial divulgado ontem.
O terremoto e o tsunami, seguidos de uma crise nuclear ainda em curso, prejudicaram as cadeias produtivas de indústrias automotivas e eletrônicas. Além disso, "os danos ocorridos em habitações e infraestrutura foram sem precedentes", informa o relatório.
O governo já confirmou 8.805 mortes e 12.664 pessoas desaparecidas na tragédia.
Tóquio. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou, ontem, que a contaminação por radiação nos alimentos no Japão é mais séria do que anteriormente imaginado. A instituição pediu para o governo agir rapidamente e proibir a venda de alimentos caso eles estejam contaminados com níveis excessivos de radiação.
O governo japonês já identificou níveis maiores de radiação do que o normal em espinafre e leite na região próxima à usina nuclear de Fukushima Daiichi, que sofre vazamento após danos causados pelo terremoto do último dia 11. Há preocupação crescente de que partículas radioativas já liberadas na atmosfera tenham contaminado fontes de alimento e água.
"Está claro que a situação é séria. É muito mais sério do que qualquer um pensava nos primeiros dias, quando achávamos que este tipo de problema pode estar limitado a 20 ou 30 quilômetros. É seguro supor que uma parcela de produtos contaminados tenha saído da zona de contaminação", afirmou o porta-voz do escritório regional do Pacífico Oriental da OMS, Peter Cordingley.
Ele disse, entretanto, não haver evidência de que alimentos contaminados oriundos de Fukushima tenham chegado a outros países.
O governo japonês ordenou, ontem, a suspensão da venda de leite e espinafre em quatro prefeituras próximas à usina nuclear. Segundo o secretário de Gabinete japonês, Yukio Edano, a medida é válida para as prefeituras de Fukushima, Ibaraki, Tochigi e Gunma.
O governo japonês já alertara no fim de semana que havia encontrado níveis acima do normal de radiação por iodo em leite e espinafre a até 120 Km da usina, mas garantiu que os alimentos não chegaram ao mercado. O Ministério de Saúde do Japão já havia pedido aos moradores próximos da usina nuclear que não bebessem água de torneira, contaminada com altos níveis de iodo radioativo.
Não há ainda relatos de comida contaminada na capital Tóquio, com cerca de 13 milhões de moradores. Autoridades, contudo, identificaram níveis acima do normal de radioatividade em um crisântemo.
Saúde
Segundo outro porta-voz da OMS, Gregory Hartl, a radiação na comida pode se acumular no corpo e representar um risco maior à saúde do que partículas radioativas no ar, que se dispersam após alguns dias.
O Japão é um importador de comida e não tem exportações significativas - a maioria frutas, vegetais, laticínios e frutos do mar e peixes. Seus maiores mercados são Hong Kong, China e Estados Unidos. No último domingo, autoridades em Taiwan encontraram radiação em uma carga de vagens importada do país, mas dentro dos limites de segurança alimentar e não oferecia riscos à saúde.
FALTA DE MANUTENÇÃOOperadora mentiu em relatório nuclear
Tóquio. Dez dias antes do terremoto e subsequente tsunami que provocaram o acidente na central nuclear de Fukushima, a companhia Tokyo Electric Power (Tepco), operadora da usina, admitiu que havia mentido nos relatórios de controle de suas instalações.
A Tepco entregou às autoridades japonesas um documento no qual confessava ter manipulado os dados de controle de manutenção. A empresa afirmou que havia inspecionado cerca de 30 peças que, na verdade, não foram checadas.
A operadora confessou que, em 11 anos, não inspecionou a peça que alimenta uma válvula de controle da temperatura do reator, apesar dos técnicos, que se contentaram em fazer apenas controles rotineiros, garantirem o contrário.
Outras peças, cujo controle não é necessariamente obrigatório, tampouco foram submetidas a uma inspeção, sobretudo as partes ligadas ao sistema de resfriamento e ao fornecimento elétrico de emergência. As autoridades solicitaram o relatório à Tepco justamente para saber se o procedimento padrão de segurança estava sendo respeitado.
"O plano de controle das instalações e a gestão da manutenção eram inapropriados", concluiu a Agência de Segurança Nuclear, que assegurou que "a qualidade das inspeções era insuficiente".
Antes da catástrofe, a agência reguladora do setor havia alertado a Tepco, exigindo uma mudança de comportamento e a aplicação de um novo plano de manutenção antes do dia 2 de junho.
Os operadores dos reatores não são obrigados a cobrir os danos que um acidente nuclear pode ocasionar nas próprias instalações. Em troca, a lei os obriga a assinar um seguro para os danos que um acidente pode causar a terceiros.
Para qualquer instalação nuclear, a lei japonesa fixa um teto de indenização de 120 bilhões de ienes (1,040 bilhão de euros). Mas as seguradoras excluem da cobertura as catástrofes naturais maiores, como um terremoto ou um tsunami.
Recuperação
A reconstrução do Japão pode levar até cinco anos, ante um prejuízo que pode chegar a US$ 235 bilhões (R$ 392 bilhões), informou um relatório do Banco Mundial divulgado ontem.
O terremoto e o tsunami, seguidos de uma crise nuclear ainda em curso, prejudicaram as cadeias produtivas de indústrias automotivas e eletrônicas. Além disso, "os danos ocorridos em habitações e infraestrutura foram sem precedentes", informa o relatório.
O governo já confirmou 8.805 mortes e 12.664 pessoas desaparecidas na tragédia.
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