DIA NACIONAL DA CATEGORIA Carteiros reclamam de sobrecarga de trabalho


Profissionais afirmam não ter o que comemorar hoje, devido ao trabalho exaustivo e à falta de reconhecimento

Ao invés de comemoração, muita insatisfação. No Dia Nacional do Carteiro, os profissionais dizem que a sobrecarga de trabalho é o principal motivo para não ter o que comemorar. Segundo a presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios, Telégrafos e Similares do Estado do Ceará (Sintect-CE), Maria de Lourdes Paz Félix, a quantidade de encomendas é tão grande que precisaria de três carteiros para dar conta das entregas que apenas um é responsável por fazer. A sindicalista diz que as compras pela internet é um dos fatores para o aumento da demanda.

O carteiro Marcos Antonio de Abreu, 35, é funcionário dos Correios há dez anos. De acordo com ele, o trabalho está mais exaustivo desde o cancelamento do último concurso público da empresa, no fim de 2009. "A cobrança aumentou e o trabalho também. Às vezes, a população reclama de eventuais atrasos nas entregas das correspondências, mas não sabe o que acontece de verdade. Nossa realidade não traz nenhum momento de alegria", comenta.

A assessoria de imprensa dos Correios informou que, devido ao cancelamento do último concurso, a Diretoria Regional dos Correios no Ceará contratou 200 empregados, como mão-de-obra temporária, enquanto realiza concurso para seleção de novos empregados.

Porém, segundo a presidente Maria de Lourdes, essa mão-de-obra não tem sido suficiente para dar conta da quantidade de serviço. "A falta de carteiro faz com que os profissionais trabalhem dez horas todos os dias. Serviço aos sábados, por exemplo, era algo eventual, mas agora virou rotina", fala.

Segundo informações dos Correios, todos os carteiros recebem pelas horas que trabalham a mais. Porém isso, como declara o carteiro Luis Santiago, 33, não vale a pena quando a família é colocada em jogo. "Eu quase não tenho vida familiar. Minha esposa e minhas três crianças sempre cobram mais atenção de mim", justifica.

Doenças ocupacionais
A saúde é outro fator que preocupa os carteiros. Conforme a diretora do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest-CE), Fátima Duarte, são muitas as doenças ocupacionais. A bolsa pesada, contendo de 20 a 25kg de correspondências, pode, aos poucos, danificar o ombro ou causar problema de coluna; as longas jornadas, com exposição ao sol, podem causar câncer de pele, mesmo com o uso regular do filtro solar; as caminhadas podem provocar, ainda, uma doença chamada esporão de calcâneo, conhecida como "esporão de galo", que provoca dores nos pés.

A assessoria de imprensa dos Correios disse que um novo concurso público deve acontecer neste ano. A expectativa é de que o edital, com cerca de oito mil vagas no Ceará, seja divulgado no primeiro semestre.

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