Governo anuncia sistema de prevenção

 previsão, no entanto, é que o funcionamento completo da iniciativa só seja possível em um prazo de quatro anos

Brasília. O governo federal estima que cerca de cinco milhões de pessoas vivam em áreas de risco potencial no Brasil. A estimativa, que equivale a mais da metade da população do Ceará, foi feita a partir de monitoramento do Ministério da Integração de moradores em encostas. Segundo a avaliação, há no país 500 áreas de risco de deslizamento e 300 áreas de risco de inundações.
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Após a tragédia que matou cerca de 670 pessoas até ontem na região serrana do Rio de Janeiro, o Planalto anunciou ontem a criação de um Sistema Nacional de Alerta e Prevenção de Desastres Naturais, um conjunto de medidas que, apesar do novo rótulo, já fazia parte das ações de um órgão do governo criado em 2005.

Esse conjunto de ações deveria ser realizado pelo Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), que não recebe verba para ampliação desde 2008. Segundo a ONG Contas Abertas, R$ 3,1 milhões estavam previstos nos últimos três anos para ampliar a estrutura do Cenad, vinculado à Secretaria Nacional de Defesa Civil, mas não foram liberados.

O ministro Aloísio Mercadante (Ciência e Tecnologia) disse que o novo sistema será ancorado no supercomputador adquirido em dezembro, que ampliará o monitoramento de áreas de risco e processará informações mais rapidamente. O anúncio do novo sistema foi feito ontem, após reunião de ministros com a presidente Dilma Rousseff. O governo também planeja comprar 700 pluviômetros e novos radares. Mas o sistema só deve funcionar a pleno vapor no fim de 2014. Pelo planejamento anunciado, áreas de risco serão alertadas até seis horas antes de deslizamentos e inundações.

"Vamos implantar progressivamente. Mas esperamos respostas no próximo verão", disse Mercadante. No projeto anunciado, apenas a criação de uma rede de radares meteorológicos necessitaria de investimentos de cerca de R$ 110 milhões.

[Na reunião de ontem, a presidente determinou aos ministros Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional), Nelson Jobim (Defesa), Mercadante, José Eduardo Cardozo (Justiça), Alexandre Padilha (Saúde) e Helena Chagas (Secretaria de Comunicação) que melhorem a capacidade de resposta nacional aos desastres naturais. O governo admite que a capacidade de resposta da Defesa Civil nacional é muito limitada.

Burocracia
O coordenador do Grupo de Análise de Risco da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Moacyr Duarte, considera que menos burocracia e mais investimentos em prevenção podem evitar tragédias como a do Rio. Segundo ele, o padrão de ocupação de regiões no Rio, São Paulo e Minas Gerais, são suscetíveis a esse tipo de calamidade, provocada por fortes chuvas. O número de cidades em situação de emergência em Minas chegou a 82. O governo mineiro estima em R$ 250 milhões os prejuízos causados pelas chuvas recentes.

REGIÃO SERRANA
Saúde envia vacinas para moradores
Rio de Janeiro. O Ministério da Saúde enviou 100 mil doses da vacina dupla (difteria e tétano) para população atingida por enchentes no Rio. Também foram enviadas 150 mil doses para repor estoque da Secretaria Estadual de Saúde. Cinco mil doses de vacina contra a raiva irão para aplicar nos animais. "A situação na região serrana continua grave. Estamos de prontidão para as necessidades da população local", disse o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
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Hoje, 28 de um total de 40 voluntários dos hospitais federais do Rio de Janeiro seguem para atuar em Nova Friburgo. O cadastro de profissionais no Portal Saúde já registra mais de 2,2 mil voluntários.

FGTS
Decreto publicado ontem no Diário Oficial aumentou o limite do saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para vítimas de enchentes. Antes fixado em R$ 4.650, foi ampliado para R$ 5.400. O saque vale para quem vive em municípios em estado de calamidade pública por causa das chuvas.

O Bolsa Família será antecipado para 20 mil inscritos no programa em Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis. O pagamento de aluguel social para quem perdeu suas casas também está previsto.

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